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Tamanduateí: uma história que ainda pode ser reescrita

Quem viveu a glória do rio, assim como quem o pesquisa, vê que a antiga trajetória pode voltar um dia

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/06/2015 | 07:00
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É com saudade e indignação que o artista plástico Sergio Longo, 70 anos, vê o Rio Tamanduateí. Nascido na Capital, chegou à Mauá ainda bebê, com um ano de idade, se estabelecendo no bairro Jardim Mauá.

Ele vivenciou os dias de glória daquelas águas. “Eu morava próximo da nascente do Tamanduateí. O rio era a recreação da população que morava lá. Todo mundo nadava, pescava e fazia piquenique às margens”, lembra o artista.

Na década de 1950, porém, ele acompanhou a transformação do ambiente, com a poluição. “Minha iniciação como artista foi graças ao rio, porque eu pegava material da margem, como pedaços de madeira submersas do desmatamento que já tinha na região. Na época, não tinha a convicção do desastre ecológico que estava acontecendo lá.”

Em 1963, Longo deixou a cidade mauaense, indo viver na Capital. Tempos depois, quando viu a situação em que se encontrava as águas, teve a ideia de elaborar, em 1999, o livro “Aqui tinha um rio”, lançado quatro anos atrás. “Ao ver o estado do Tamanduateí, nasceu a vontade de fazer um protesto e a melhor foram foi escrever um livro relatando como era e no que ele se transformou, tentando levantar as responsabilidades das empresas e dos políticos que não fizeram nenhum programa de preservação do rio”, fala.

Apesar da maneira degradante como se encontra o Tamanduateí, Longo acredita que é possível resgatá-lo. “Dá para se fazer um projeto de recuperação metro a metro, vencendo cada dia uma batalha e na parte que vai sendo recuperada, fazer movimento junto às novas gerações, principalmente com as crianças, para serem fiscais daquele pedaço”, argumenta. “O poder público poderia fazer nas proximidades um jardim, pomar, coisas que atraiam a curiosidade das crianças e que elas se sintam donas daquele pedaço, se tornam responsáveis por ele e cresçam com a ideia do que é o rio”, acrescenta.

A opinião é compartilhada pela bióloga e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marta Ângela Marcondes. “A gente vê exemplos em países como Holanda, Alemanha, onde são feitos jardins em cima de rios nessas condições e as plantas acabam limpando com os processos de fitorremediação (tecnologia na qual plantas auxiliam na remoção de contaminantes). Se a gente tiver um olhar mais sensível, consegue mudar as coisas”, diz a pesquisadora. 




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