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Vitória do Flu consolida estrela de Muricy Ramalho
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
06/12/2010 | 07:00
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Ranzinza, mal-humorado e antipático. Não faltam criticas pelo estilo característico de ser do técnico Muricy Ramalho. Mas no banco de reservas é impossível não reconhecer a habilidade na condução das equipes, tanto que era o preferido da CBF para comandar a Seleção Brasileira. Ontem, com o título do Fluminense, o treinador consolidou o rótulo de Rei dos pontos corridos. Foram quatro troféus nas últimas cinco temporadas - em 2006, 2007 e 2008 venceu com o São Paulo e no ano passado terminou em quinto, com o Palmeiras.

Muricy nunca escondeu a admiração ao trabalho de seu mestre, Telê Santana. Ontem, na comemoração após a partida, confidenciou sonho com o ex-treinador, já falecido. "Sonhei com o Telê Santana e dei um abraço nele. Ele estava muito feliz no meu sonho e entendo que isso estava reservando um acontecimento importante. Para mim é uma honra ajudar a dar esse título ao Fluminense, o clube de coração de Telê Santana", declarou.

Apesar de ter estilo durão, confirmado com o bordão "isso aqui é trabalho", o treinador tem a confiança e o carinho dos atletas. Na entrevista coletiva, Muricy foi surpreendido pelos jogadores que acabaram lhe dando um banho com baldes de água gelada. Ao contrário da reação nervosa esperada por todos, o treinador sorriu e achou graça da homenagem.

"Achei até estranho eles não terem feito nada antes. Em relação ao meu comportamento, não sou simpático e, sim, correto. Não importa o nome do jogador, acredito na atitude. Desta forma o profissional consegue convencer o grupo. Caso o jogador perceba que exista preferência por um ou outro, o trabalho não dá certo", avaliou.

Outro grande ídolo dos torcedores, o argentino Dario Conca preferiu dividir a responsabilidade pela conquista com todo o grupo. "Fico feliz pelo carinho que todos me tratam no clube, mas não faço nada sozinho. Esse título é a soma do trabalho de todos com o pensamento em só um objetivo. Essa união foi fundamental para que conseguíssemos o troféu", afirmou o jogador que jogou todas as 38 partidas do clube no Brasileiro.

Conca tem contrato com o Fluminense até o fim de 2011, mas se depender da diretoria carioca o vínculo será renovado por muito mais tempo. "Fizemos duas ou três reuniões com ele, apresentamos propostas e contrapropostas. Estamos aguardando na expectativa de um final feliz", conta o presidente da Unimed, parceira do Fluminense, Celso Barros.


Reforços trazem regularidade e garantem o troféu


A regularidade foi a marca do Fluminense na campanha do título do Brasileiro. Sem contar as quatro primeiras rodadas, quando os jogadores se adaptavam ao estilo do técnico Muricy Ramalho, a equipe sempre esteve entre os três primeiros colocados.

Após o início ruim, o time carioca emendou 15 partidas de invencibilidade, sendo nove vitórias e seis empates. A boa sequência foi encerrada na derrota para o Guarani por 2 a 1, no fim do primeiro turno.

Uma das razões dessa melhora foi o investimento da diretoria. Nove jogadores chegaram após o início da competição. Quatro deles contribuíram de forma efetiva para o título: o lateral-esquerdo Carlinhos, o meia Deco e os atacantes Emerson e Washington.

Os reforços supriram a ausência de alguns importantes jogadores contundidos. Fred foi o que mais desfalcou a equipe, com diversas lesões.

Até por conta dessas perdas, o time oscilou no início do segundo turno. Nas primeiras 12 partidas, foram quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Graças à irregularidade do Corinthians e à distância de pontos para o Cruzeiro, a liderança foi mantida.

No entanto, a quatro rodadas do fim, o Fluminense foi ultrapassado. Em partida teoricamente tranquila, a equipe empatou com o então quase rebaixado Goiás, por 1 a 1, no Engenhão.

Com a vitória do Corinthians sobre o Cruzeiro, o time paulista assumiu a ponta. Mas durou uma rodada. Na sequência o Timão empatou com o Vitória e foi ultrapassado pelo Flu que goleou o São Paulo, fora de casa, e voltou a ocupar o primeiro lugar, para não mais deixá-lo.

Emerson curte fama e vislumbra ter marcado nome na história

O atacante Emerson era a imagem da superação no vestiário do Fluminense. Fora do time durante boa parte do Campeonato Brasileiro e convivendo com inúmeras lesões, o atacante estava eufórico com o título.

"É gol que todo mundo vai lembrar daqui a 15, 20, 30 anos", comemora o atacante que conquistou o segundo troféu nacional, já que no ano passado esteve no Flamengo, mas deixou o clube antes do término da competição.

Agora, no rival Fluminense, o Sheik ficou até o fim e foi determinante na conquista do título. "É difícil achar explicação para o que estou sentindo. Não dá para fugir do discurso tradicional. Está todo mundo de parabéns. O nosso treinador, desculpe a palavra, é sacanagem. O cara é fera. Essa torcida merecia esse título, são 26 anos, não são 26 semanas, 26 meses. Está na hora de a torcida do Fluminense festejar, ficou muito tempo sem essa alegria", ressaltou.

Coadjuvante na conquista, Deco era outro que estava eufórico com o título. Impressionado com a festa da torcida, prometeu melhorar em 2011. "Cheguei no meio (do campeonato) e tive uma lesão que complicou tudo, principalmente pelo pouco tempo de recuperação. Ano que vem é diferente e eu vou render muito mais", garante.

Melhores do Brasileirão são premiados no Rio de Janeiro

A festa do futebol brasileiro ainda não acabou. Hoje a CBF divulga os vencedores do Prêmio Craque do Brasileirão em festa que acontece no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a partir das 20h. Os jogadores serão premiados com ouro, prata e bronze em suas respectivas posições. Além disso, serão eleitos o Craque do Campeonato, o Rei do Gol, a Revelação e o Craque da Galera.

A cerimônia contará com importantes personalidades do meio esportivo, da música e da política. O presidente Lula é uma das autoridades confirmadas na premiação. Os cantores Diogo Nogueira e Arlindo Cruz darão o ritmo na parte musical.

A noite ainda terá emocionante homenagem ao atacante Ronaldo, do Corinthians, a numerosa torcida do Bahia e aos jogadores que conquistaram o tri-campeonato com a Seleção Brasileira em 1970, no México.

O Corinthians é o time com mais indicações: sete possibilidades de prêmio. O Cruzeiro é o segundo, com cinco. Individualmente, o zagueiro Dedê, do Vasco, e o meia Bruno César, do Corinthians, são os destaques. Eles foram indicados aos prêmios nas respectivas posições, além de Revelação e Craque da Galera.

Sem dúvida, o grande momento da noite será o anúncio do Craque do Campeonato. O grande favorito ao prêmio é o argentino Conca, do Fluminense. Nesta edição, a escolha do melhor jogador será destinada ao atleta que receber mais votos em todas as categorias.

O árbitro Sandro Meira Ricci, envolvido na polêmica do pênalti no jogo entre Corinthians e Cruzeiro, concorre ao prêmio de melhor juiz ao lado de Paulo César de Oliveira e Carlos Eugênio Simon.

 




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