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Comércio liquida para evitar perda com artigos de inverno
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
06/07/2005 | 08:04
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O comércio do Grande ABC começa a perder a esperança nas vendas de inverno. Muitos lojistas cansaram de esperar pelo frio e partiram para a ofensiva com promoções e liquidações. Uma situação atípica para o mês de julho, já que ações de queima de estoque tradicionalmente começam a partir da segunda quinzena de agosto.

Mesmo que o frio se estabeleça, comerciantes afirmam que o prejuízo é inevitável. "O tombo foi grande neste ano. Nos preparamos para um inverno realmente frio, como o do ano passado, mas a temperatura não caiu como a gente apostava", disse Lenilda Batista, gerente da Julian Marcuir, no ABC Plaza, em Santo André.

Segundo ela, a promoção de até 48% de desconto para os artigos mais procurados – definida nesta semana, de última hora – tem mostrado pouco resultado prático. "Pelo jeito, o consumidor só compra quando sente o frio na pele. Não adianta promoção ou liquidação. Se o frio não vier, teremos de engolir o prejuízo", completou Lenilda.

A Kallan – casa especializadas em calçados, no centro de São Bernardo – antecipou para esta semana a liquidação que estava programada para começar em agosto. Tudo para evitar prejuízo maior. "Não podemos correr o risco de ficar com estoque encalhado. Nossas vendas começaram o mês 15% menores em relação à mesma época do ano passado. Por isso, precisamos definir, às pressas, estratégia para compensar o frio que não veio", destacou o gerente Wellington De Rossi. A loja colocou à venda por R$ 9,99, em banca próxima à entrada, calçados cujo preço original era R$ 39,99, em especial botas e sapatos típicos de inverno.

Em vez de baixar os preços, a Fredy, no ABC Plaza, decidiu colocar uma linha de jaquetas em promoção especial, a partir de R$ 14,90. Além disso, espalhou banners pela loja e intensificou a distribuição de folhetos. "O inverno passa rápido. Ainda mais quando o clima está quente. Aposto que a divulgação maciça de nossos produtos vai injetar ânimo nas vendas a partir desta semana, principalmente com o início das férias escolares", disse o gerente Wagner de Castro.

Estratégia semelhante foi definida pela rede de confecções Garbo. A empresa oferece a promoção leve 5 e pague 4 para cerca de 80% do estoque. A idéia da ação comercial é convencer o consumidor a comprar antes da chegada do frio, segundo informou a direção da Garbo.

A loja Besni também entrou na disputa e baixou o preço de quase todas as linhas de calçados de inverno. A tradicional vedete do frio, as botas de canos médio e longo estão com descontos de R$ 20 a R$ 30, no caso dos modelos populares. Hoje, o preço médio não passa de R$ 35, mesma etiqueta de antes do início oficial do inverno.

Para Lucas Falcon, gerente da Shoebiz, de São Bernardo, apesar de as vendas terem melhorado, em decorrência das promoções, a margem de lucro está achatada, o que deve prejudicar o faturamento do comércio neste inverno. "Loja cheia não significa lucro. Tivemos de baixar os preços para evitar encalhes. Por conseqüência, a lucratividade será muito menor que no ano passado, com certeza", disse Falcon. Ele afirma que a liquidação Bota Fora, iniciada na loja nesta semana, elevou em 20% as vendas. "Sem promoção, esse número não passaria de 10%."

Os números de queda de vendas e faturamento divulgados por comerciantes do Grande ABC conferem com o balanço da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário). A entidade aponta queda média de 8% no comércio varejista neste ano em relação ao inverno do ano passado. No entanto, alguns segmentos despencaram até 35% em vendas, segundo a associação.




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