Política Titulo São Bernardo
Retorno da merenda em todas as escolas, cobra MP

Ofício enviado ao prefeito Luiz Marinho destaca
necessidade de debate antes de corte das refeições

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
26/02/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Vinte dias após instaurar inquérito civil, a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de São Bernardo requereu ontem do governo Luiz Marinho (PT) o retorno imediato e integral do serviço de merenda em todas as escolas da rede municipal.

O ofício judicial, número 127/2015, assinado pelo promotor Jairo Edward de Luca, descreve “que o MP visitou escolas, percebendo que a readequação da merenda aos alunos da rede municipal demanda mais tempo, mais estudo e discussões, não me parecendo adequada a forma aparentemente abrupta com que está sendo implantada”.

O documento também destacou notificação específica à Secretaria de Educação, que é chefiada por Cleuza Repulho (PT), idealizadora do plano, cobrando “para que o fornecimento integral da merenda retorne em todas as EMEBs onde se têm verificado impactos negativos, de acordo com os diversos ofícios que as diretoras tem encaminhado.”

Representação anterior da Promotoria motivou o restabelecimento de quatro unidades na região do pós-balsa. Responsável por impetrar a ação no MP, o oposicionista Julinho Fuzari (PPS) adiantou que não irá cessar acompanhamento nas escolas até comprovar o retorno em toda a rede. “A inserção desse ofício nos mostra que temos aliado nesta busca, que é o Judiciário. Visitei inúmeras localidades, onde constatamos situação caótica. Espero que o Executivo acate o pedido. Caso contrário, confio que haverá ação judicial determinando ordem”, alegou o popular-socialista, pontuando que vai aguardar de sete a dez dias movimentação por parte da administração do PT.

Questionada se acatará documento, a Prefeitura não respondeu aos contatos do Diário. Entretanto, Marinho anunciou reunião hoje, às 10h, no prédio do Paço, com a base governista para tratar do tema.

REPERCUSSÃO
O MP também encaminhou documento à Câmara, lido durante a sessão de ontem pelo presidente José Luís Ferrarezi (PT) e provocou reclamação entre professores e pais de alunos, que foram ao Legislativo.

Os trabalhos na Casa foram cercados de protestos, com gritos de “Fora PT”, “Retorno da Merenda Já” e “(Secretária) Cleuza, cadê você?”.

A situação constrangeu vereadores governistas, que não defenderam o plano de corte.

Líder da bancada petista, Luizinho defendeu que o ato “reforça as ações do partido sobre o assunto”. Já o líder do governo, José Ferreira (PT), garantiu que havia motivação política nos repúdios. “O que estava se vendo hoje (ontem) era mobilização partidária. Qualquer manifestação é levada a sério, mas não significa que concordamos. Estão gritando ‘Fora PT’, quer dizer, isso é motivação política, não preocupação com a merenda. Tem pessoa que nem filho na escola tem. Meramente fazendo papel para ‘João’ ou ‘José’”, criticou.

Marinho ainda estuda momento para exoneração de Cleuza Repulho

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), ainda estuda o melhor momento para definir a saída da secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT). A medida foi definida de imediato pelo chefe do Executivo um dia após forte repercussão negativa em torno da implantação do plano de restrição da merenda nas escolas da rede municipal. Em contrapartida, ele repensou a decisão com o objetivo de evitar fortalecer a oposição na cidade.

As reclamações da própria base governista sobre a conduta da secretária também motivou o recuo de Marinho. Tião Mateus (PT) chegou a pedir publicamente a demissão da petista, salientando histórico de problemas na Pasta. As manifestações irritaram o chefe do Executivo, que decidiu postergar a saída.

Por outro lado, nos bastidores do Paço, a situação de Cleuza é vista como insustentável, principalmente após embate direto com a secretária de Planejamento e Orçamento Participativo, a primeira-dama Nilza de Oliveira (PT), sua maior defensora até então.


Mesmo pressionado, governo adia moção de repúdio a secretária

Mesmo pressionado, a ala governista do prefeito Luiz Marinho (PT) conseguiu adiar por mais uma sessão a moção de repúdio a secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT).

Para impedir que o requerimento fosse adiado, a base de sustentação promoveu seguidos levantamentos de recesso, até que a matéria não fosse lida dentro do expediente.

A ação foi encampada pelo oposicionista Marcelo Lima (PPS), mas registrou assinaturas de situacionistas, totalizando 17 apoios. Dos 28 parlamentares da Casa, somente os oito petistas não rubricaram a moção. Houve três ausências.

“Foi uma manobra, pois o documento já registra a maioria. O PT poderia impugnar se aprovado para leitura, mas preferiu ficar adiando”, lamentou Marcelo. O sentimento foi compartilhado pelo também oposicionista, Juarez Tudo Azul (PSDB), que, no entanto, salientou racha entre situacionistas. “O que vimos é que houve muito desencontro entre eles. Esse plano está longe de ser consenso no governo”, pontuou.

Os oposicionistas pediram que a sessão fosse estendida por mais uma hora, porém novamente não obteve sucesso. Com votação empatada em 11 votos, coube ao presidente da Casa, José Luís Ferrarezi (PT), dar a sentença. “Não aprovei o adiamento, pois entendo que o que tinha que ser feito é a convocação da Cleuza e isso ocorreu”, afirmou o petista.

Governista, Roberto Palhinha (PTdoB) foi um dos que assinou favoravelmente à moção de repúdio. “Precisa ter uma solução o quanto antes sobre o assunto, pois até o momento não houve qualquer diálogo conosco, que somos da base. Precisamos saber se será mantido a restrição ou se voltará para darmos sequência às nossas vidas”, comentou.




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