Foi exonerado nesta semana o delegado Frederico Costa Miguel, 31 anos, que atuava no 1º Distrito Policial de São Bernardo. Em outubro, ele deu voz de prisão a um magistrado do Tribunal de Justiça após briga de trânsito ocorrida em frente à delegacia. No boletim de ocorrência, Miguel acusou o então juiz Francisco Orlando de Souza, hoje desembargador, de cometer sete crimes, entre eles, dirigir embriagado e sem habilitação, ameaça, desacato e difamação.

Miguel entrou na Polícia Civil em 2008 e cumpria estágio probatório, período que seria encerrado no fim deste ano. Para continuar na corporação após esta fase, seria necessário parecer favorável da cúpula da polícia.

Apesar da proximidade com o incidente, o ex-delegado evita fazer associação direta com o episódio. "Eu não li a decisão do Conselho da Polícia Civil, por isso não posso afirmar nada. No entanto, mesmo tendo pedido vistas do processo, não tive acesso ao documento", comenta. Pouco antes da exoneração, a Corregedoria da corporação havia emitido parecer favorável à permanência de Miguel como autoridade. No processo, testemunhas ouvidas teceram elogios ao policial. Apesar do tom cauteloso, Miguel não descarta que a demissão tenha sido motivada por questões políticas.

Para o ex-delegado, a polícia tem a obrigação de apontar os motivos da exoneração. "Fui cerceado do meu direito de defesa", critica. Miguel, que passou pelo 1º e 3º DPs de São Bernardo, espera ter conhecimento oficial do processo para decidir quais serão seus próximos passos.

O desembargador afirma que teve conhecimento da exoneração apenas pela imprensa, e que o desligamento não teve ligações com o fato ocorrido há dois meses. O governo do Estado também nega relação com o episódio.