Ao contrário do mercado editorial, ainda não existe um prêmio nacional como o Jabuti que reconheça o design de capas de CDs. E também ao contrário dos livros, fazer a capa de CDs não é a última coisa no produto. “Pensamos sempre em fazer junto com o trabalho do disco. Uma capa legal geralmente acompanha o próprio disco”, afirma Gê Alves Pinto, 48 anos, designer gráfico, gerente de artes gráficas da Universal Music, e filho do cartunista Ziraldo.

O trabalho do designer de capas de CD é captar um momento do artista. “Um detalhe pode ser inspirador. Mostrá-lo de maneira inusitada e revelar o máximo possível é o desafio”, diz Gê.

Nem sempre dá certo na primeira vez. Foi assim com o último disco de Jorge Benjor, Acústico MTV. A exemplo do bem sucedido trabalho Cássia Eller – Acústico MTV (melhor CD no 9º Prêmio Multishow de Música Brasileira), o processo foi o mesmo. No caso de Cássia, primeiro foi fotografado o show da cantora na MTV. Tentou-se algo parecido com Benjor.

“Ele não gostou nada e faltavam poucos dias para o lançamento. Vasculhamos o material de novo e achamos uma foto na qual ele tinha um sorriso lindo. Ele estava eufórico com o CD e era essa a foto. Essa capa foi resolvida aos 45 do segundo tempo”, afirma Gê.

Capas podem ser bastante elaboradas, como a caixa com a série de 13 primeiros CDs de Nara Leão, criada pela designer Pinky Wainer (sobrinha de Nara) em parceria com Gê. Outras dão dor-de-cabeça. Entre esses desafios, Gê segurou a onda quando Caetano Veloso escolheu um artista gráfico para trabalhar com ele. “Fiquei em pânico quando o cara começou a pedir muito material”.

A capa mais cara que o designer já fez foi o CD com Ney Matogrosso cantando Chico Buarque, lançado há alguns anos. “Tinha dobras diferenciadas e materiais especiais de design italiano. Até hoje sou cobrado por isso”, diz.