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Chevron anuncia que não vai mais fechar fábrica de Mauá
Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
08/07/2005 | 09:37
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Depois de meses de negociação com sindicalistas e até gestões políticas do governo federal, a Chevron Oronite Company anunciou ontem que decidiu voltar atrás na decisão de fechar a única fábrica da multinacional no Brasil, situada no pólo petroquímico de Mauá. A unidade produz aditivos para óleos lubrificantes e combustíveis.

A empresa informou que manterá a produção no país porque houve aumento da demanda de seus produtos no mercado latino-americano. O Sindicato dos Químicos do ABC (ligado à CUT) comemorou o anúncio, considerado importante pela entidade devido à preservação de 127 empregos.

A decisão foi tomada na segunda-feira, na sede da companhia em San Ramon, na Califórnia (EUA), mas o anúncio só ocorreu ontem, por meio de comunicado expedido pela empresa.

A definição de continuar com as atividades no Brasil ocorreu quase seis meses após a empresa ter divulgado o fim das atividades da fábrica do Grande ABC, com base em estudo de otimização da produção no mundo. De acordo com esse levantamento, outras fábricas da Chevron no exterior estavam aptas a absorver o mercado da América Latina.

O fechamento da unidade foi divulgado no dia 18 de janeiro deste ano e gerou um clima de tensão entre companhia e sindicato, que queria impedir o fechamento a qualquer custo. A entidade ameaçou realizar protestos e greves. Sindicalistas chegaram a viajar para os Estados Unidos, a fim de negociar com executivos da multinacional (leia texto nesta página).

Com a permanência no Brasil, ficam mantidos os 127 trabalhadores na unidade. Pela proposta anterior, a idéia era de encerrar as atividades 15 meses depois do anúncio. O processo de fechamento começaria em dezembro e estava previsto para ser concluído em março de 2006.

O diretor-presidente da Chevron Oronite no Brasil, Aldair Colombo, justificou a medida destacando que as vendas de aditivos para óleo lubrificante e combustíveis aumentaram consideravelmente na América do Sul. Além do Brasil, a companhia atua na Argentina, Chile, Peru, Uruguai, Venezuela, Colômbia e Equador.

No entanto, Colombo não revelou de quanto foi esse crescimento. Segundo ele, o aumento de demanda "obrigou" a Chevron manter as atividades no país. "As mudanças no mercado nos obrigaram a isso. Se a medida não fosse adotada, poderia haver desabastecimento."

Antes da decisão de voltar atrás na iniciativa, a empresa se preparava para importar os produtos das unidades de Oak Point, na Lousiania (EUA), de Gonfreville (França) e de Cingapura, na Ásia. Agora, as três fábricas ficarão responsáveis pelas outras regiões do mundo, fora a América do Sul, afirmou o executivo brasileiro.

Alívio - A notícia foi recebida com alívio pelos funcionários da unidade de Mauá, disse Juvenil Nunes da Costa, coordenador da Regional de Santo André do sindicato - responsável pelo pólo petroquímico de Mauá. De acordo com o sindicalista, o clima de tensão foi substituído por alegria porque não haverá mais demissões.

No entanto, Costa acredita que a medida da Chevron de voltar atrás no fechamento aconteceu devido a um acidente na fábrica de Cingapura. "Seria para compensar a produção dessa unidade que ficou afetada com uma explosão. Mas, mesmo assim, foi uma postura positiva e uma vitória para os trabalhadores", afirmou. A motivação apontada pelo sindicato foi desmentida pelo diretor-presidente no Brasil, Aldair Colombo.

Juvenil da Costa informou que a empresa convocou uma reunião com o sindicato para a próxima semana, com a finalidade de anunciar oficialmente a decisão da companhia. "Mas informalmente a divulgação já foi feita."

Perfil - Criada em Mauá em novembro de 1980, a fábrica brasileira da Chevron Oronite obteve um faturamento de R$ 203 milhões no ano passado. A previsão é de um aumento de 5% nesse item para este ano - R$ 223,3 milhões. Atualmente, a produção da unidade está em 30 mil toneladas por ano, conforme o sindicato. Deste total, 40% são exportados para os países da América do Sul e o restante fica no mercado interno brasileiro.




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