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Setor moveleiro da região recua 50% nas vendas este ano
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
28/10/2008 | 07:00
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O tradicional setor moveleiro do Grande ABC começa a detectar retração nas vendas, principalmente a partir janeiro. Mas a queda, na realidade, vem sendo gradativa, ano a ano - pelo menos de 2003 para cá.

"Estamos com uma preocupação muito grande porque o mercado está parado", diz o presidente do Sindicato de Móveis do Grande ABC. Hermes Soncini.

Segundo ele, com o aquecimento da economia vivido este ano, o acesso mais fácil ao crédito e o aumento do prazo de financiamento fez com que muitas pessoas investissem em imóveis e automóveis, deixando de lado o mobiliário. "Com a renda comprometida pelas parcelas dos financiamentos, não sobra verba para investir em outras coisas", acredita Soncini. Além disso, o empresário afirma que hoje em dia as pessoas quase não recepcionam mais em casa. "Marcam em um restaurante, em um bar", diz.

"O ano de 2008 foi um dos piores da história. Percebemos que vamos entrar em uma séria recessão", admite Sonsini.

NAS RUAS
Segundo levantamento realizado pelo Diário entre lojas da Rua Jurubatuba, berço do segmento localizado em São Bernardo, desde o início do ano as vendas caíram em média 50%. Para Luciane dos Santos, gerente da Gramado Móveis Design Europeu e Country e que está há vinte anos no setor, as vendas estão bastante desaceleradas. "Nem na época do Collor, quando as pessoas tiveram suas economias confiscadas, estava tão ruim", opina, contando que houve recuo de mais de 50% em relação ao movimento de 2007.

Luciane sente falta das feiras de móveis de São Bernardo, onde era possível mostrar seus produtos e divulgar a tradição da região. "O fato de não ter estacionamento próximo também nos prejudica".

Mohamede Jarouche, um dos proprietários da Maria Móveis, concorda, alegando que a concorrência está muito grande. "O pessoal esqueceu a Jurubatuba. Preferem os shoppings", diz, alegando que existem muitos "picaretas" que abriam lojas na rua por poucos meses e não entregavam os móveis, dando o calote nos clientes. "Ficamos com má fama. A classe alta foi comprar em São Paulo, e a média começou a comprar em lojas populares, como Casas Bahia, onde o prazo de financiamento é maior".

As vendas da Maria caíram em média 50% do ano passado para cá e após um aumento dos juros da financiadora, os preços sofreram reajustes e a queda foi ainda maior: 75% em relação a outubro de 2007.

Pelo mesmo motivo, Valéria Felisardo, coordenadora da Pirâmide Móveis sob Medida, percebeu um recuo de 40% nas vendas deste mês. "Antes, estávamos com queda de 30% em relação ao ano passado". Mas, nesse caso, o que diminuiu não foram os clientes, mas a quantidade de itens comprados pela pessoa. "Se antes eram encomendados os móveis da casa toda, agora são eleitos os de alguns cômodos apenas", conta.

 




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