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Parceria Herzog-Kinski tem mostra de filmes
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
18/02/2001 | 17:28
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Amor, ódio e um saldo de cinco filmes. O resumo não pode indicar outra coisa senão a relação profissional do diretor Werner Herzog e do ator Klaus Kinski. Verbetes da cinematografia alemã, ambos voltaram à cena há poucos dias graças à estréia do documentário Meu Melhor Inimigo, produção de 1999 em que Herzog oferecia a fuça aos tapas por falar de seu relacionamento conturbado com Kinski.

Provida de um excelente pretexto, a Sala UOL de Cinema, em São Paulo, sacou a oportunidade de reprisar, a partir desta segunda-feira, as obras que a dupla teutônica fez em conjunto. Ou pelo menos 80% delas, já que não está prevista a exibição de Nosferatu – O Vampiro da Noite (1978), que decantava o Drácula sedutor e charmoso do Conde sanguinário e instintivamente hematófago segundo o viu o cineasta F.W. Murnau. É uma baixa e tanto.

O restante está lá. Aguirre – A Cólera dos Deuses (1972) abre a mostra nesta segunda-feira, às 22h. É o filme inaugural da parceria Herzog-Kinski e narra a aventura de um colonizador espanhol no século XVI, que deixa o Velho Mundo com um objetivo especial na América do Sul: encontrar El Dorado, a cidade perdida. Na jornada em busca do incerto, o racionalismo vai sendo filtrado a cada progresso da expedição européia e os soldados trocam raciocínio por impulso.

Na concepção de Herzog, o homem é permeável, impossibilitado de sustentar seus códigos quando privado daquilo que lhe é confortável. Dificilmente teria interlocutor melhor para seus ideais do que o ator Kinski. Dúvidas podem ser esclarecidas também nesta terça-feira, quando o filme exibido é Woyzeck (1978). Os responsáveis agora pela mutação comportamental são o organograma militar e a infidelidade conjugal, capazes de levar um oficial do exército a cometer atos inconseqüentes.

A galeria dos personagens levados às telas pela dupla é de intuitos culposos, pelos quais não podem ser responsabilizados. O bis é latente em Fitzcarraldo (1982), exibido na quarta-feira e pontuado pela obstinação de um homem em construir um teatro de ópera em meio à selva amazônica, e em Cobra Verde (1988), o último filme da dupla, programado para quinta-feira, e que apresenta um mercador de escravos em plena atividade na África do século XIX.




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