As LTN's sao títulos prefixados, ou seja, cuja taxa de juros é definida no momento da compra do papel. No momento do leilao da terça-feira passada, o mercado futuro de taxas de juros indicava uma taxa de 22,10% ao ano para agosto. A taxa já era maior que a obtida no leilao da última terça-feira: 21,85% ao ano. O mercado, porém, pediu taxas bem mais altas que 22,10%.

Como as LFT's sao pós-fixadas, ou seja, a correçao é definida no vencimento do título, os investidores estao se sentindo mais seguros em adquirir este papel. Na semana passada, o fracasso do leilao das LTN's de seis meses aconteceu por causa da crise na Argentina e de números negativos divulgados nos Estados Unidos a respeito da balança comercial norte-americana.

Um dia depois da mudança feita pelo FED (Banco Central norte-americano) no viés da taxa de juros interna, de neutra para altista, foi anunciado o déficit da balança comercial com um número maior que o esperado. O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guimaraes, acredita, porém, em uma reversao das expectativas do mercado financeiro esta semana. Segundo ele, a Argentina já passou por muitas crises sem mudar o regime cambial em vigor.

Os técnicos do Tesouro também minimizam o efeito competitivo que o aumento das taxas de juros dos EUA de 4,75% ao ano para 5% ao ano teriam sobre uma taxa básica de 23,5% ao ano vigente no Brasil. Para o governo, é importante prefixar a dívida pública - ou seja, saber antecipadamente qual é o custo com a sua rolagem, e alongá-la. Em março, o Tesouro voltou a vender LTN's após oito meses de jejum. Neste período, os rescaldos da crise asiática e a crise russa fizeram com que o mercado rejeitasse qualquer tipo de risco.

Foram emitidas LTN's de 30 dias, depois 60 e depois 90 dias. O leilao de LTN's de seis meses da última terça-feira foi o segundo com este prazo. Apesar da dificuldade com a prefixaçao, o Tesouro manteve as LFT's de dois anos. Os prazos anteriores eram de 12 e 15 meses. Em abril, 54% da dívida do Tesouro em mercado era formada por títulos pós-fixados. Apenas 3% eram prefixados.