Setecidades Titulo Desobediência
Lei do jaleco é
ignorada na região

Médicos e enfermeiros não tiram vestimenta quando
saem dos hospitais para fazer refeição em restaurante

Por Natalia Fernandjes
do Diário do Grande ABC
29/10/2011 | 07:00
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Sancionada há aproximadamente cinco meses, a lei do jaleco é ignorada por grande parte dos profissionais da área da Saúde no Grande ABC. A medida, que proíbe o uso do jaleco fora do ambiente hospitalar, leva em conta a queda dos riscos de contaminação por bactérias transportadas de um local a outro.

Ao passar pelo entorno do Centro Hospitalar Municipal de Santo André é possível observar profissionais vestidos com jalecos, seja em restaurante, lanchonete ou andando pelas calçadas. "Primeiro que a gente não tem onde guardar o jaleco, segundo porque não vejo problema em usar no entorno do hospital. Tem que ter bom-senso, não vamos ao shopping com jaleco", diz o médico residente em cirurgia Álvaro Faria.

Com 25 anos de profissão, o cirurgião do Centro Hospitalar Osvaldo de Lima comenta que esse conceito de que o jaleco é o vilão precisa ser melhor discutido. "Não temos certeza de que o jaleco é fonte de contaminação. Muito mais apropriado seria fazer campanha para que as pessoas lavem bem as mãos", diz. O profissional lembra que antigamente não existia jaleco e os médicos trabalhavam apenas de vestimenta branca. "Se eu for trabalhar de branco terei de tirar a roupa quando sair do hospital?", questiona.

Próximo ao Hospital São Bernardo a cena se repete. "A gente não tem vestiário, então sempre coloco e tiro o jaleco nas proximidades do hospital", comenta uma auxiliar de enfermagem que não quis se identificar. A profissional aproveitava seu horário de almoço para conversar com duas amigas - todas com jaleco - em frente ao hospital.

Já o recepcionista do Hospital São Bernardo Joaquim Alves, que descansava em uma praça vestido com o jaleco, acredita que a lei só deveria valer para profissionais das alas ambulatorial e cirúrgica. "A gente não está em contato com os pacientes, como os médicos e enfermeiros."

A opinião do técnico de enfermagem Leandro Serra é diferente. O profissional retirou o jaleco logo que saiu do hospital para almoçar. "Acho fundamental a gente tirar o jaleco para não carregar bactérias."

Regulamentação

Apesar de a lei estar valendo desde junho, a norma ainda não foi regulamentada. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, a normatização da lei, bem como a aplicação de multas e locais fiscalizados, está sendo discutida por profissionais da Medicina e da Vigilância Sanitária. Inicialmente, ficou previsto que em caso de descumprimento seja aplicada multa de dez Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - cerca de R$ 174,50 - e nos casos de o profissional ser pego novamente cometendo a infração, o valor da multa será dobrado.

Para especialista, medida protege a sociedade

Junto com as mãos e a gravata, o jaleco é o principal condutor de bactérias entre paciente e médico, por isso, a necessidade de barrar o transporte desses micro-organismos, tanto de dentro para fora do ambiente hospitalar quanto no sentido inverso, defende a professora de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de medicina do ABC Katya Cristina Rocha. "As bactérias são terríveis. Elas circulam no ambiente e grudam em qualquer superfície", explica.

Para a especialista, a lei do jaleco ainda não é levada a sério porque as pessoas teimam em não acreditam naquilo que não veem. "Os micro-organismos são muito pequenos, mas são muito perigosos. A sociedade não pode correr riscos", comenta.




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