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Fundação Sto.André produzirá tecnologia
Por Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
30/03/2002 | 17:13
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O novo reitor da Fundação Santo André, Odair Bermelho, pretende dar uma atenção especial ao Centro Tecnológico que deverá ser inaugurado ainda neste ano. Sonho do ex-prefeito Celso Daniel, a inauguração do Centro é ponto de honra para Bermelho. O novo reitor, que toma posse segunda, afirmou que pretende desenvolver pesquisas e tecnologias na Fundação para serem vendidas e, com isso, garantir a auto-suficiência.

Bermelho também pretende promover eleições diretas para todos os níveis acadêmicos. Até agosto, o reitor espera concluir a eleição para pró-reitores. A democracia deve chegar até mesmo aos estudantes. O reitor pretende criar um projeto inédito com a pró-reitoria estudantil para ouvir as reivindicações dos alunos. Aos funcionários, prometeu conceder o quanto antes reajuste de 9%.

DIÁRIO – Qual o principal desafio do sr. à frente da Fundação Santo André?

ODAIR BERMELHO – Primeiro é conseguir uma administração conciliatória. Depois, terminar o Centro Tecnológico no prazo que o prefeito Celso Daniel gostaria. Isso é ponto de honra para a gente. Não só porque Celso queria, mas é o fato dele querer porque enxergava mais longe. Vou dar o exemplo da Unicamp, que é o modelo de administração que trago para a Fundação. Em 2001, a Unicamp conseguiu, somente com as faculdades de Física, Engenharia Alimentar e Mecânica, arrecadar R$ 600 milhões, suficientes para cobrir todo o orçamento da universidade. O Celso, quando pensou no Centro Tecnológico, pensou nisso. Para vender tecnologia e desenvolver pesquisa.

DIÁRIO – O sr. acredita que isso seja viável?

BERMELHO – Acredito, porque temos massa crítica capaz de fazer isso rapidamente. Os professores, que estão sendo assessorados pela equipe de São Carlos, me prometeram, e eu conversei com o prefeito (João Avamileno, PT), que os queria na minha equipe para que isso fosse concluído até junho para que a gente faça vestibular. Acho que o Centro Tecnológico tem de ser a vitrine da Fundação para poder fazer com que a ela extrapole os limites regionais.

DIÁRIO – Como integrar a comunidade a este projeto?

BERMELHO – Vamos fazer parceria com a Prefeitura, criaremos eventos culturais, traremos congressos e pretendemos criar uma pró-reitoria comunitária para fazer essa interface da Fundação com a comunidade e captar recursos e aproximar da Prefeitura, mas não vou esquecer os empresários. Não tenho essa política de afastar a participação do empresariado, porque são eles que vão comprar o produto da nossa pesquisa.

DIÁRIO – Qual a relação do sr. com o atual reitor, Willian Saad?

BERMELHO – O dr. Saad é um cavalheiro. Acho que foi indicado pelo prefeito Celso Daniel para cumprir uma missão e ele a cumpriu. Compete a nós agora melhorar esse processo, mas dentro do que ele a sua equipe se propuseram a fazer, fizeram muito bem. Sempre tivemos um bom relacionamento e nunca houve nenhum atrito entre nós.

DIÁRIO – O sr. pretende mudar a equipe?

BERMELHO – Sou obrigado a mudar, porque o estatuto exige que sejam pessoas da casa e eles não são. Eu poderia indicar, mas vou fazer uma indicação temporária, porque até agosto vou promover eleição e quero os pró-reitores por eleição direta, porque sou favorável a eleições em todos os níveis.

DIÁRIO – Isso não pode causar problemas, caso os pró-reitores eleitos sejam de oposição ao sr.?

BERMELHO – Se o objetivo deles for trabalhar em função da Fundação Santo André não será a mim que eles vão fazer oposição, mas à Fundação. Não pretendo trabalhar com um pró-reitor que faça conchavo. Vai da competência. O que posso fazer também é o processo de lista tríplice. Tem o exemplo do prefeito, que se fosse pegar na questão partidária escolheria o segundo colocado e ele está arriscando em mim. Por que eu não posso fazer a mesma coisa? Temos uma série de fiscais e se a pró-reitoria não estiver dando conta ela pode ser trocada.

DIÁRIO – Na parte administrativa, a ênfase do sr. será, então, no Centro Tecnológico?

BERMELHO – Não tenha dúvida. Tem outro ponto que é a descentralização da Fundação. Vou seguir o exemplo da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e a Fundação não pode mais ficar restrita àquele campus e vamos ter de negociar com a Prefeitura terrenos, galpões onde tiver e vou descentralizar. Outra coisa é que não quero ficar na casa amarela, que ela tem muita história ruim. A casa amarela vai virar um museu da Fundação, o colégio vai sair de lá para um prédio próprio e quero ocupar a secretaria do colégio.

DIÁRIO – Quais os projetos para os estudantes?

VERMELHO – Neste ponto estamos sendo pioneiros. Quero criar uma pró-reitoria estudantil. Quero que o aluno tenha o status de pró-reitor para que seja um instrumento onde os alunos possam colocar suas reivindicações. Quero também colocar o papel do ouvidor para a transparência total.

DIÁRIO – Como está o quadro de funcionários?

BERMELHO – Se eu puder, vou contratar mais. Acho que a Fundação precisa de mais funcionários, pois está crescendo. Vou sentar e ver o quanto tem em caixa. Se o dinheiro que tiver lá não estiver comprometido, vou dar o aumento dos professores, porque as mensalidades já foram cobradas desde março e os professores não receberam o aumento de 9%. Isso para mim é ponto de honra se a verba não estiver totalmente comprometida e acho que não está.

DIÁRIO – O sr. pretende colocar um campus avançado?

BERMELHO – Eu tenho essa sugestão, que vou discutir com o pessoal especializado. Por que o pessoal de Geografia não pode ter um aprofundamento em educação ambiental e a gente não ter um campus avançado em Paranapiacaba? Assim também há investimento no pólo turístico de Paranapiacaba.




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