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Mecanismos de combate à crise no Exterior geram novos desafios

2º Encontro dos Cursos de Economia do Grande ABC debate excesso de liquidez nos mercados brasileiros

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
21/10/2009 | 07:00
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Os mecanismos de socorro a instituições e empresas nos países desenvolvidos, como forma de combate à crise financeira mundial, geraram uma inundação de recursos - em outras palavras, alta liquidez (facilidade de transformar bens e títulos em dinheiro) - nos mercados, o que traz novos desafios ao Brasil.

A avaliação é do professor de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Carlos Eduardo Carvalho, que participou na segunda-feira como palestrante do 2º Encontro dos Cursos de Economia do Grande ABC, realizado no Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Caetano.

Em relação a essa enxurrada de dinheiro, ele cita que a base monetária (soma do dinheiro em circulação com o dinheiro utilizado para reservas nos bancos comerciais) dos Estados Unidos em um ano foi multiplicada por três, saltando de US$ 850 bilhões para US$ 2,3 trilhões. "O dilema é como reduzir essa liquidez e evitar novas bolhas", afirma Carvalho.

Segundo o professor, a liquidez internacional é, em certo ponto, benéfica ao País, mas também cria problemas, dentre os quais a valorização do real frente ao dólar, devido à entrada de capital especulativo no País. Com isso, as exportações (principalmente de manufaturados) sofrem, por causa da redução das margens de lucro nas vendas ao Exterior.

Por isso, o economista avalia que o governo brasileiro age na direção certa ao tentar restringir as aplicações estrangeiras de curto prazo.

O coordenador do curso de Economia da Fundação Santo André, Ricardo Balistiero, concorda que é necessário conter a entrada de dólares no País. "As commodities dependem pouco do câmbio, têm mais relação com a demanda, que se mantém aquecida em países como a China", assinala.

Carvalho cita ainda que têm dúvidas se, nos próximos anos, o País não ficará dependente demais desses itens básicos. Com isso, poderia ficar mais atrasado em termos tecnológicos e ser empurrado para posição subalterna no cenário global.

DESAFIOS - Também presente ao evento, o economista e secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Jefferson da Conceição, observa que o governo brasileiro adotou políticas efetivas de enfrentamento da crise, com medidas como a redução de impostos para eletrodomésticos e veículos e o programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo.

O secretário afirma que a somatória dessas iniciativas ajudou a evitar que o desemprego subisse. Ele, no entanto, vê desafios para o País: um deles se refere aos gargalos de infraestrutura, que limitam a possibilidade de crescimento econômico e a ainda alta concentração de renda.




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