Nas canções de Zulusa, novo disco da cantora Patrícia Bastos (Tratore, R$ 25 em média) fica estampada a regionalidade do Amapá, sua terra natal. A obra, cujo nome significa a soma de zulus e lusitanos que, junto do índio, é a origem da cantora, chega às prateleiras composto por 14 canções.

Com produção assinada por Dante Ozzetti e Du Moreira, a quinta obra de sua discografia coloca diversos ritmos num mesmo pacote: batuque, marabaixo, cacicó, zouk, embolada, cúmbia e fado dão toque na receita.

A ideia do trabalho surgiu depois da criação da faixa homônima, obra de Celso Viáfora e Joãozinho Gomes. A partir daí veio a pesquisa rítmica e autoral, trabalho que levou cerca de um ano. As músicas foram criadas por diversos parceiros exclusivamente para esse trabalho.

Dona de voz delicada, a intérprete harmoniza frases ao lado de notas delicadas de guitarra portuguesa, violão de sete cordas e harmonias de violino, como na composição Miss Tempestade, assinada por Vitor Ramil e Ricardo Corona. Além da contribuição de compositores conterrâneos, nomes como Luiz Tatit e os cariocas Guinga e Paulo César Pinheiro - que assinam Ribeirinho, de 1980, inédita até então - também participam de Zulusa.

Mesmo com todo o cuidado ao longo das faixas, o disco não é só delicadeza. A cantora ousa e faz interagir elementos eletrônicos com acústicos, caso de O Batuque, Zulusa ganha estrondosa energia com batucada em diversos momentos. Um deles, e talvez o mais forte, em Mal de Amor. A música mistura sonoridade de instrumentos como charango, caixa de marabaixo, ganzá, xequerê e pandeirão, e tem como convidado na percussão o grupo Raízes do Bolão.