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Após secretário agredir repórter, Lauro Michels pede desculpas ao Diário

Na terça-feira, o comandante da Saúde, José Augusto da Silva Ramos, empurrou jornalista

Por Cadu Proieti
19/12/2013 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Após o secretário de Saúde de Diadema, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), agredir o jornalista do Diário Fábio Munhoz com um empurrão, na terça-feira, após ter se irritado ao ser questionado sobre os problemas na rede municipal de Saúde, o prefeito Lauro Michels (PV) decidiu colocar panos quentes na polêmica. “Peço desculpas. Repudio esse tipo de atitude. Não compactuo com esse tipo de ação. Vou conversar com o Zé Augusto e recomendar que peça desculpas ao repórter”, disse o chefe do Executivo em entrevista ao telefone.

Pessoalmente, na entrega da reforma do Cras (Centro de Referência da Assistência Social) Serraria, o chefe do Executivo confirmou o discurso. “Não vi o que aconteceu, então, não posso falar. Se ele empurrou ou colocou a mão no repórter, está errado. É igual briga de escola, quem dá o primeiro tapa perde a razão. Se isso realmente aconteceu, o José Augusto deve pedir desculpas ao Diário e ao profissional, que estava fazendo o trabalho dele. Como não vi, fica difícil comentar.”

Lauro disse que teve uma conversa com o secretário sobre o assunto ontem, mas o titular da Pasta negou a agressão. “Ele me disse que não empurrou, mas testemunhas me falaram que o empurrão aconteceu. Então, fica ruim fazer qualquer comentário, até porque a minha orientação é para não fazer essas coisas. Não precisa agredir repórter. Se não quer dar entrevista, sai andando”, disse o prefeito.

Após o encerramento da 8ª Conferência Municipal, o repórter Fábio Munhoz cobrou do secretário explicações sobre a saída de 82 médicos da rede municipal desde o início do ano. Profissionais ouvidos pelo Diário afirmaram que pediram demissão em razão da truculência de José Augusto contra os trabalhadores da Pasta. O secretário processa judicialmente cinco deles.

Apesar de criticar a postura do titular da Saúde, Lauro disse que não pretende trocar o comando da Pasta. “Vamos nos reunir com nosso núcleo político. Acho que o trabalho que vem sendo realizado pela Saúde é bom, difícil e diferente dos outros, então, vai demorar para ser reconhecido. Mas, se precisar fazer mudança, vamos fazer. Só que não enxerguei isso ainda”, argumentou o chefe do Executivo.

REPERCUSSÃO

Entidades que representam a classe jornalística criticaram a atitude de José Augusto. “A gente repudia a atitude do secretário. Nenhum jornalista pode ser agredido durante o exercício da profissão, sejam quais forem as razões. Isso fere um direito democrático. Vamos cobrar atitude da Prefeitura sobre essa conduta, que foi absurda”, disse o diretor regional no Grande ABC do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Peter Suzano.

O presidente da APJ (Associação Paulista de Jornais), Renato Zaiden, foi além. “As respostas cabem ao secretário, mas as perguntas partem do repórter. Isso é sagrado em sociedades livres e democráticas como a que vivemos. Somos contra qualquer tipo de censura ou pressão ao trabalho da imprensa. É ainda mais lamentável quando as tentativas de cercear o jornalista vêm acompanhadas de agressões físicas ou verbais. O secretário tem não só o dever de prestar contas dos assuntos de sua área, como também é esperado que o faça com equilíbrio e bom-senso”, disse. “Se é assim com a imprensa, o que esperar de suas atitudes com os funcionários e cidadãos?”, questionou o líder da entidade.

Prefeito não teme que conduta do titular da Pasta irá afastar médicos

O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), afirmou que não teme perder mais médicos ou novos profissionais interessados em atuar na cidade por conta da conduta do secretário de Saúde José Augusto da Silva Ramos (PSDB), que agrediu repórter do Diário na terça-feira e é acusado de agir com truculência contra os servidores da Pasta.

“O que os médicos reclamam do Zé Augusto é que ele está cobrando horário. Antes os profissionais tinham flexibilidade, e hoje são obrigados a cumprir a carga horária normal de trabalho. Pode prejudicar a vinda de profissionais que não queiram cumprir horário, quem quiser trabalhar não vai ter problema”, disse o chefe do Executivo.

Médica ouvida pelo Diário, que pediu para não ser identificada, disse que se demitiu por discordar das mudanças no sistema de Saúde implementadas por Lauro e da truculência do secretário. Na segunda-feira, reportagem mostrou que a exoneração de 82 médicos neste ano vem comprometendo o atendimento aos pacientes nas unidades de Saúde do município.
 




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