Política Titulo Covid-19
Consórcio recorre à plataforma que mede índice de fragilidade da região

ONG que atuou no Rio Grande do Sul prepara estudo que baliza resgate da economia do Grande ABC

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
02/06/2020 | 00:14
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O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC recorreu a uma plataforma desenvolvida por ONG (Organização Não Governamental) que calcula tecnicamente o grau de vulnerabilidade de um município diante da pandemia do novo coronavírus. A adoção dessa ferramenta – ainda em discussão, mas bem encaminhada – é mais uma das estratégias da entidade regional na luta para que o governo do Estado reclassifique a região dentro do Plano São Paulo, possibilitando reabertura de parte da atividade econômica.

A ONG Impulso criou mecanismo que leva em consideração o número de leitos à disposição a cada 100 mil habitantes, o fluxo de pacientes, testagem da população, medidas de isolamento, volume de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e a característica econômica (como massa salarial e perfil do trabalhador). O mecanismo, denominado Coronacidades, não trará custos ao colegiado e mapeia o cenário de cada cidade individualmente.

Diante dos dados do Grande ABC, a região atingiu a proporção de 80% de cuidados com saúde e 20% com a economia – quanto maior o índice da saúde, menos atividade econômica é recomendada e vice-versa. Depois desse cálculo, os números são comparados com uma fórmula criada pela ONG, na qual há quatro faixas – são usados tons de cinza. O cinza mais escuro representa perigo à saúde em caso de reabertura. Na área cinza clara estão presentes as atividades sem risco de retomada.

“O ponto alto dessa ferramenta é que o critério utilizado é estritamente técnico. Você elimina o componente político nessa discussão. Mas precisamos ter a certeza de quais os parâmetros o governo de São Paulo quer (para reabertura). Estamos fazendo nossa parte, adiantando alguns protocolos (de volta), algumas reuniões”, considerou Giovanni Rocco, diretor de programas e projetos do Consórcio.

Segundo Rocco, o algoritmo desenhado é claro no sentido de que, se houver aumento de casos de Covid-19, naturalmente é preciso segurar a atividade econômica de determinado setor. “É a única plataforma que parou em pé nessa discussão. Tanto que eles (ONG) estão entrando com trabalho em Manaus (Amazonas), no Ceará, em Mato Grosso.”

A ferramenta foi apresentada a prefeitos e secretários de Finanças, de Saúde e de Desenvolvimento Econômico dos municípios da região na semana passada, justamente quando o governador João Doria (PSDB) alijou o Grande ABC da Fase 2 do chamado Plano São Paulo, de recuperação da economia paulista – Doria autorizou apenas a Capital a pular para essa faixa, deixando os demais 38 municípios da Região Metropolitana com regras mais rígidas.

No sábado, o Consórcio entregou ofício ao governo do Estado apresentando números que balizam um pleito para que a região migre para a Fase 2. A entidade argumenta que, com base nos critérios que autorizaram a Capital a reabrir, a situação regional é melhor. 

Estado nega falta de diálogo, mas confirma debate só com Vinholi

Cobrado publicamente pelo presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), o governo do Estado negou ineficiência no diálogo, embora tenha confirmado que as discussões sobre flexibilização da quarentena imposta para conter o novo coronavírus tenham ficado restritas ao secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB).

Em nota enviada ao Diário, o governo João Doria (PSDB) disse que “tem realizado reuniões e consultado de forma permanente os prefeitos dos 645 municípios, para construção de ações conjuntas, tornando mais transparente e efetivo o enfrentamento à pandemia do coronavírus”. “É equivocada, portanto, a acusação de suposta falta de diálogo entre Estado e municípios.”

Maranhão, em entrevista ao Diário, criticou o fato de as cidades do Grande ABC saberem das decisões estaduais pela imprensa e questionou a ausência de debate prévio sobre assuntos delicados, como autorização para reabertura do comércio. Na visão da gestão tucana, porém, as três reuniões realizadas nos últimos 15 dias – sendo duas delas após o anúncio de flexibilização na Capital com manutenção da restrição na região – contemplam a discussão.

“Em mais uma prova inequívoca de diálogo com os municípios, o governo de São Paulo atendeu aos pedidos dos prefeitos e anunciou, na última semana, a subdivisão da Região Metropolitana. A busca de entendimento e o trabalho em parceria com os prefeitos sempre foram marcas desta gestão, que possui forte viés municipalista”, disse a administração.  




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