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Mesmo durante as festas, trabalhadores permanecem a postos

Profissões exigem que colaboradores passem Natal e Ano-Novo longe das famílias, porém, sentimento é de felicidade em poder ajudar ao próximo

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
24/12/2019 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Clima de confraternização, preparo da ceia, expectativa pela meia-noite e fogos de artifício costumam ser sinônimos de comemoração no Natal e no Ano-Novo. Porém, para alguns profissionais como GCMs (Guardas Civis Municipais), enfermeiros, bombeiros e trabalhadores de algumas indústrias, estes são sinais de mais um dia de trabalho, já que o ofício exige que eles estejam sempre a postos para atender a população.

No entanto, mesmo longe da família, o sentimento é de felicidade. “É gratificante porque eu escolhi esta atividade e me deixa feliz poder ser útil em um momento de necessidade da população”, conta Luciane de Oliveira, supervisora da GCM (Guarda Civil Municipal) de São Bernardo, onde atua há 19 anos. Ela irá trabalhar no plantão noturno hoje e no dia 1º de janeiro. “Acaba sendo complicado para meus pais e para minha filha, mas eles entendem”, diz.

Os plantões da GCM, inclusive, não costumam ser tranquilos e mantém a corporação ocupada, observa Luciane. “Não há diminuição nas ocorrências e há solicitações de diversas naturezas. Uma das mais comuns é a de pertubação do sossego, como os pancadões (baladas informais em vias públicas com aglomeração de pessoas e veículos com som alto), que acabam obstruindo as vias e atrapalhando o deslocamento de munícipes”, afirma.

Ainda que nem sempre seja possível comemorar as festas no ambiente de trabalho, a GCM garante que ela e os colegas tentam manter o espírito natalino e emanar energias positivas para o ano que se inicia. “Passamos todo o ano juntos e acabamos formando uma segunda família na corporação, já que acabamos convivendo mais com as pessoas daqui (da GCM) do que com nossa própria família”, observa.

Enfermeira há 17 anos, Cecília Medeiros, 39, irá passar o Natal e o Réveillon longe da família. “Não é fácil trabalhar em datas comemorativas, mas é um grande prazer. Não posso estar com meus parentes de sangue, porém, os pacientes também são nossa família”, assinala ela, que exerce a profissão no Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André. “Às vezes, a própria família (do paciente) não está lá (no hospital), então um abraço ou um desejo de feliz Natal faz a diferença”, diz.

Mesmo que em algumas ocasiões a meia-noite seja marcada por atendimentos de emergências, a equipe não deixa de comemorar com a ceia oferecida pelo hospital e com outras receitas tradicionais da família de cada um. Neste ano, Cecília não estava escalada para trabalhar durante as festas, mas a chamaram de última hora. “Aceitei com imenso prazer, porque nada melhor do que poder ajudar o próximo”, explica. “Há muitas pessoas fragilizadas, o que nos faz perceber que nossos problemas não são nada”, adiciona.

A família biológica de Cecília já está acostumada, no entanto, encontrou maneira de comemorarem juntos as festas. “Eles ligam e, se não posso atender, me mandam mensagens. Quando chego em casa, eles sempre têm um pratinho de comida guardado para mim”, relata. “Esse apoio me dá força e incentivo para continuar, por isso passo minha roupa, coloco maquiagem e um sorriso no rosto para ir trabalhar”, aponta.

A indústria química Unipar, de Santo André, informou que pelo menos 105 trabalhadores permanecerão de plantão durante os feriados de Natal e Ano-Novo.

Bombeiro passou nove horas na mata no Natal

Na corporação há 16 anos, o primeiro sargento do PB (Posto de Bombeiros) Campestre, em Santo André, pertencente ao 8º GB (Grupamento de Bombeiros) – responsável pelo Grande ABC –, Richard Aparecido Manso Pereira, 44 anos, estava de prontidão no Natal do ano passado, quando passou nove horas na mata entre Paranapiacaba e Cubatão em busca de dois primos desaparecidos em trilha no dia 21 de dezembro de 2018.

Ele lembra que partiram de Paranapiacaba em direção a Cubatão na noite do dia 24 e retornaram ao quartel na manhã do dia 25. “Descemos tudo (toda a mata) e depois subimos de volta, mas, felizmente, as vítimas conseguiram encontrar a saída antes de chegarmos até elas”, lembra.

Mesmo com as ocorrências desafiadoras, o bombeiro se diz acostumado a trabalhar durante as festas, uma vez que faz parte do ofício. “No começo, fazíamos algumas trocas de serviço porque não era legal passar longe da família, mas hoje em dia já acostumei”, conta. “Minha esposa reclama um pouco, mas ela entende que faz parte do meu trabalho.”

Para não deixar as comemorações passarem em branco, alguns parentes se reúnem e visitam o quartel durante os plantões. “Conseguimos dar um jeito de ver a família e, às vezes, até fazer um churrasco”, afirma.

Nos últimos anos, entretanto, a equipe de prontidão foi reduzida e, consequentemente, o número de ocorrências a serem atendidas por eles aumentou. Assim, nem sempre é possível celebrar. Além dos casos rotineiros, nestas datas, a corporação recebe diversos chamados de incêndio ocasionados por fogos de artifício. 




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