Economia Titulo Estudo da Metodista
Capacidade da indústria da região piora e chega a 59%
Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
29/11/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A utilização da capacidade instalada da indústria do Grande ABC chegou a 59% no último mês – ou seja, as fábricas da região operam com 41% de ociosidade – um dos menores níveis dos últimos dois anos. O número vai na contramão da trajetória do Estado, que chegou a 71% – o maior nos últimos anos – e do País, que atingiu 70% em outubro, o que não acontecia desde março de 2015.

O levantamento faz parte do boletim IndústriABC, divulgado ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista e realizado em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Em janeiro, a capacidade da indústria da região era de 66%, enquanto no Estado chegava a 64%. Ou seja, houve queda do Grande ABC e acréscimo nos dados estaduais.

Para o coordenador de estudos do observatório e um dos responsáveis pelo levantamento, o economista Sandro Maskio, a dependência regional pelo setor, além da forte presença da indústria automotiva ajudam a desenhar o cenário de piora. “A participação do setor industrial na região, proporcionalmente, é mais intensa do que no Brasil e no Estado. Então, há efeito de maior intensidade no Grande ABC. Há a questão da concentração grande do segmento automotivo, que tem enfrentando dificuldades, principalmente pela crise na Argentina, que teve efeito muito negativo nas exportações”, afirmou Maskio. Além disso, no último mês, uma das seis montadoras instaladas na região, a norte-americana Ford, encerrou as atividades na planta de São Bernardo.

O economista também citou a necessidade da elaboração de uma política industrial nacional de longo prazo. Em relação à região, Maskio comentou sobre o tamanho das fábricas. “Sem política forte de estímulo, há impactos negativos e retrai o setor industrial. Outra questão é que o parque produtivo do Grande ABC foi estruturado no modelo produtivo de meados do século XX. Atualmente, o pessoal discute o conceito de indústria 4.0, que demanda espaços mais enxutos. Traz dificuldades, já que as empresas menos enxutas acabam se tornando menos competitivas”, afirmou.

Além da capacidade, o boletim também trouxe o Icei (Índice de Confiança da Indústria), que caiu para 55,7 pontos em novembro, em uma escala de zero a 100, no Grande ABC. No último dado em agosto, esse indicador era de 56,4 e em janeiro, chegava aos 61,5 pontos. A queda reflete as baixas expectativas sobre a economia brasileira e também em relação às empresas.

O trabalho formal no acumulado deste ano (dez primeiros meses) também indicou que a indústria de transformação perdeu 1.654 postos de trabalho, sendo que, no mesmo período do ano passado, teve acréscimo de 1.233 vagas.
 




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