Mas, antes do encontro com a socialite, seu personagem viverá uma grande história de amor com Soledad, espanhola interpretada por Daniela Escobar. Encantado com a bailarina, que conhece no bordel de madame Claire, Ciccillo chega a presenteá-la com uma casa, na qual vai visitá-la todos os dias de sua vida, mesmo durante o relacionamento com Yolanda.

As cenas em que o industrial apresenta a casa a Soledad foram gravadas na semana passada no Projac, em clima de total encantamento para a personagem de Daniela. “Pensa que é como se ela fosse uma menina vivendo um conto-de-fadas”, recomendava o diretor Carlos Araújo.

Deslumbrada com o tamanho da casa, Soledad pergunta a Ciccillo para que ele teria alugado um local tão grande. E fica ainda mais estupefata com a resposta dele. “Mas que aluguel que nada! A casa agora é sua”, diz, com naturalidade, o descendente de italianos. A bailarina então percorre todos os cômodos com alegria infantil.

E Daniela segue à risca as recomendações do diretor, que chega a interpretar um pedaço da cena ao lado de Celulari. A atriz vê nesta primeira grande alegria, no entanto, o início de todo o sofrimento da personagem, que vai decidir-se a passar o resto da vida trancada dentro da casa depois do envolvimento de Ciccillo com Yolanda. “O grande erro é que ela se anula completamente depois que os dois se envolvem. Ela pára de dançar e passa a viver só para as visitas dele”, comenta Daniela.

Já Edson não se cansa de destacar a generosidade de Ciccillo, não só no relacionamento com Soledad, mas também na forma de lidar com seus empregados. Ele conta, por exemplo, a história de um empregado de sua fábrica que foi demitido quando o industrial o flagrou cochilando entre as máquinas. “Depois ele se arrependeu muito, viu que o sujeito era um bom funcionário e nunca mais conseguiu demitir ninguém”, diz Edson, visivelmente fascinado com o personagem.

Quanto ao envolvimento com Soledad, o ator destaca que, apesar de a bailarina resolver se anular em função da relação, ele jamais chega a prometer casamento a ela. “É uma relação muito sincera. Inclusive ele a incentiva a continuar dançando”, diz.

A dança, aliás, é um grande elo de sensualidade entre os dois. Ciccillo não esconde o encantamento com a intensa zarzuela, dança clássica espanhola que a bailarina apresenta no bordel de Madame Claire. E ela passa a fazer-lhe apresentações particulares a cada vez que os dois se encontram. “A relação dos dois envolve muita fantasia”, afirma Edson.

As cenas têm custado um ligeiro constrangimento a Daniela, que ainda estranha o estilo da dança, que praticamente não conta com movimentos dos membros inferiores. “É muito difícil. Tenho me contorcido de uma maneira que fico até envergonhada”, diz a atriz. “Eu confesso que preferia ter de fazer sotaque. Ou então fazer uma dança que tenha mais força nos pés, como o flamenco, que já pratiquei durante um tempo”.

Apesar de Soledad ser espanhola, os diretores da minissérie não querem que a atriz tenha nenhum tipo de sotaque, o que a deixou um pouco frustrada.

Edson, por outro lado, está completamente à vontade com o sotaque de Ciccillo, que mistura os 'erres' paulistanos ao italiano de seus antepassados. “O Ciccillo cultivava o sotaque como uma forma de valorizar sua origem italiana”, afirma o ator, que já se habituou a utilizar o sotaque até nas entrevistas.

“Os amigos dele costumavam dizer que ele pensava em italiano”, comenta Edson, animado com as gravações. “Sofri muita ansiedade. Estou gravando há apenas três semanas. Ficava vendo a minissérie e imaginando quando chegaria minha vez”, diz, aos risos.