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Dublagem é tendência em vídeo
Alessandro Soares
Da Redaçao
09/09/2000 | 15:43
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A expressao "versao brasileira...", usada para anunciar o nome da empresa que dublou o filme em exibiçao na TV, está cada vez mais comum também a partir das videolocadoras. O vídeo está falando mais português e o público do Grande ABC aprova. As locadoras recebem mais e mais filmes dublados, movimento que se intensificou nos últimos dois anos e é uma tendência do mercado de vídeo em VHS para os grandes lançamentos do cinema hollywoodiano em açao, aventura, suspense e drama. Exceto europeus.

O filme nacional também conta com mais títulos nas locadoras, um aumento de 100% nos últimos três anos. Isto é, todos os filmes produzidos em cinema no Brasil ao longo desse período foram lançados em vídeo. Apesar disso, e do aumento de público nas salas de cinema, a procura pelo filme nacional nas locadoras é maior entre alunos em busca de informaçoes para trabalhos escolares.

A maioria do público ainda prefere o cinemao norte-americano, com um detalhe: subiu de 10% para 40% a proporçao de lançamento de títulos dublados nos últimos dois anos, segundo a UBV (Uniao Brasileira de Vídeo), associaçao das empresas distribuidoras. Em alguns casos, as locadoras têm 60% de seus títulos estrangeiros dublados. Os motivos mais comuns pela preferência vao da facilidade de compreensao até a melhoria da qualidade do som dublado.

"Geralmente encontro em vídeo todos os gêneros de filmes dos quais eu gosto e sempre procuro os dublados", diz Carla Fernanda Pagacini, 24 anos, dona de casa em Sao Bernardo. "É mais fácil prestar atençao na minha língua. Prefiro assim". Ela e sua irma, Cláudia Alessandra Pagacini, 28 anos, dona de casa, assistem, em média, dez filmes por semana. "Eu insisto por filmes dublados na locadora. Ler legendas distrai. Com o dublado, nao perdemos nada", conta. Mas sua opiniao tem exceçao. "Titanic foi o único dublado que nao gostei. Assisti no cinema, legendado, mas em vídeo nao teve a emoçao do original", conta Carla.

A estudante Sarah Gimenes da Silva, 18 anos, de Sao Bernardo, assiste, em média, quatro filmes duas vezes por semana. Ela nao gostava muito de filmes dublados, porque tinham "vozes ruins". Hoje em dia, ela acredita que a dublagem está melhor. A virada na escolha deu-se a partir do filme Matrix. "Vi no cinema e perdi muita coisa da história. Em vídeo, assisti dublado e compreendi mais. A partir de Matrix, adotei o filme dublado. Prestar atençao nas legendas, às vezes rápidas, faz a gente perder o filme", diz.

Há quem prefira o som original e quem odeie o cinema nacional. "Nao suporto filmes dublados", diz Viviane Aparecida Guedes, 30 anos, que faz curso profissionalizante em Sao Caetano. "Acho que deveriam existir só para crianças. Na dublagem, perdem-se as sutilezas do original quando colocam as gírias daqui", comenta. Se o filme que Viviane procura nao estiver disponível na locadora no original, dublado ela nao leva. "Prefiro ver na TV".

E, neste caso, ela acaba ficando mais "furiosa" com a dublagem. A situaçao citada por ela é o filme Fenômeno (1997), estrelado por John Travolta, que foi exibido dublado no SBT. Travolta faz um gênio paranormal que, em dado momento, precisa aprender português para ajudar o neto doente de um homem. Isso no original. Na versao para TV, Travolta tinha de aprender francês. 

Viviane é uma cinéfila que assistia em média quatro filmes por semana, gastando cerca de R$ 100 por mês em locaçoes. O ritmo diminuiu em funçao da assinatura da TV por satélite e do desemprego. Ela adora cinema, menos o nacional. "Acho fraco, nao me chama atençao. Gosto muito de suspense e açao. Imagine O Sexto Sentido (1998) dublado! Deve ser horrível! Dos nacionais, só assisti Central do Brasil para ver se poderia ganhar o Oscar de A Vida É Bela, que é maravilhoso. Nao gosto de filmes brasileiros por causa das coisas ruins que eles mostram: desemprego, pobreza, miséria". 

Tiago Lima, 23 anos, estudante de Sao Caetano, também odeia filme dublado. "Nao gosto da voz que colocam, do sotaque de um carioca em um novaiorquino. O som original é bem melhor", conta. Ele também nao morre de amores pelo cinema nacional, preferindo sempre filmes "de fora", com astros famosos. "Cinema nacional ainda tem de comer muito arroz com feijao para ter bom nível de produçao e história", diz.




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