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Região consome o dobro do recomendado de carne por dia

Pesquisa da USCS aponta ingestão diária de 218 gramas da proteína animal, sendo 100 o indicado

Por Yara Ferraz
23/05/2018 | 07:00
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EBC


 A estimativa para o ano de 2018 é a de que toda a população do Grande ABC (2,7 milhões de indivíduos) consuma 217 milhões de quilos de carne. Isso indica que cada habitante deverá ingerir 80 quilos de alimentos à base de frango, boi, suínos e ovinos por ano, índice que equivale a uma média de consumo diário de 218 gramas, mais do que o dobro do valor recomendado por organizações da Saúde (100 gramas). 

Os dados foram levantados pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). “Estima-se que a região consuma 1,03% de todos os produtos do setor de carnes produzidos no Brasil, o que representa cerca de 217 milhões de quilogramas ao ano de carnes frescas, além de outras variedades de embutidos e pedaços prontos para consumo, bem como partes já temperadas para facilitar o preparo nas casas”, afirma o responsável pela pesquisa e doutorando em Administração pela Universidade, André Ximenes de Melo. 

Apesar de estar além do indicado, a média regional ainda é menor do que a nacional, que corresponde a 246 gramas do alimento diariamente (veja mais informações ao lado). 

Conforme a professora de Nutrição da Universidade Mackenzie Monica Spinelli, no ano passado, o Ministério da Saúde recomendou que a ingestão de carne não ultrapassasse 100 gramas por dia no guia de alimentação da Pasta. “Esta quantidade já seria suficiente para suprir a necessidade de ferro do nosso organismo. Em excesso, nada faz bem. A carne tem gorduras saturadas, por isso que é um alimento que precisa ser consumido com moderação”, destaca. 

Outras associações chegam a recomendar porções ainda menores, como a norte-americana Word Cancer RessearchFund, que afirma que o saudável é consumir 500 gramas semanais; e a OMS (Organização Mundial de Saúde), que chegou a recomendar 70 gramas diárias. 

“(O ideal) Corresponde a um bife pequeno. O brasileiro tem este hábito de valorizar a carne e de consumir uma porção de proteína animal no almoço e outra no jantar. Difícil dizer a partir de qual gramatura ela pode trazer problemas, mas com certeza há risco de consumir quantidade enorme de gorduras”, afirma Monica.

A longo prazo, o consumo de carne excessivo pode comprometer órgãos, principalmente se não há atividade física, conforme alerta a nutricionista Barbara Souza Lazzarini. “O consumo acima do recomendado de proteína animal somado a um hábito alimentar não estruturado, realmente podem sobrecarregar os órgãos. Principalmente o rim, ainda mais se a pessoa tem predisposição a problemas. Pode vir a desenvolver alguma complicação.”

Em contrapartida, a alimentação também é problemática quando o consumo de carnes fica abaixo do recomendado, por conta do ferro. Por isso, o ideal é equilíbrar a dieta com outros alimentos. “A pessoa possivelmente vai ter problemas de anemia (se consumir pouca ou nenhuma carne). Isso porque o ferro ajuda na composição do sangue”, destaca a professora da Mackenzie.

Frango é a proteína mais comprada entre as sete cidades

De acordo com informações da pesquisa, a carne de frango é a mais consumida por moradores da região. A proteína branca representa cerca de 111 gramas do cardápio diário de cada habitante, o correspondente a cerca de 40 quilos por ano. Na sequência aparece a carne bovina, com 73 gramas diárias e 27 quilos anuais no prato de cada morador.

“O consumo de carnes no Grande ABC em 2018 está estimado em 110 mil toneladas de carnes de aves (frango), correspondente a 51% a mais que as carnes de bovinos (estimada em 72.745 toneladas ao ano), enquanto as carnes suínas representam 46% do consumo da carne bovina”, analisou o responsável pelo levantamento e doutorando da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) André Ximenes de Melo.

A nutricionista Barbara Souza Lazzarini destaca que a opção pelo frango é motivada principalmente pelo preço, já que a carne é mais barata. Mesmo contendo menos ferro do que a proteína vermelha, o consumo pode ser saudável, segundo a especialista. “Isso porque, apesar de conter menos ferro, é uma carne que tem menos gordura, dependendo da parte. Optar pelo frango pode ser mais saudável, porém isso também depende do preparo, porque se ele estiver frito ou cheio de condimentos se torna o contrário.”

Com menor representação na dieta do morador do Grande ABC estão a carne de porco (cerca de 33 gramas diárias e 12,35 quilos anuais) e a ovina (com 38 gramas por ano). 

O estudo foi feito com base em dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da pesquisa de orçamentos familiares realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).




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