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Fluxo cambial positivo pode ser risco
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
10/01/2010 | 07:26
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A confiança que o Brasil passou para os investidores e empresários estrangeiros resultou em uma saída do patamar negativo do fluxo cambial registrado em 2008. Conforme o BC (Banco Central do Brasil), houve saldo positivo de US$ 28,7 bilhões no fluxo cambial em 2009. O resultado demonstra que o volume de moeda estrangeira injetado no País foi maior do que as saídas, considerando as operações financeiras e comerciais. Mas os reflexos desse resultado macroeconômico podem ser tanto positivos, quanto negativos para o bolso do consumidor.

Para o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) Radames Barone, o ideal para a economia do País seria equilíbrio entre o volume de recursos que entram e saem do Brasil. "Os investidores estrangeiros colocaram mais dinheiro no País, porém aumentando as reservas de dólar, o real fica muito valorizado, o que pode refletir negativamente na balança comercial", pontua.

Barone explica que nesse caso, a exportação brasileira ficaria menos competitiva internacionalmente, o que é ruim para o País. Portanto, o equilíbrio da balança garantiria a continuidade de uma economia forte, se não acontecer outro fenômeno economicamente negativo.

Mesmo com saldo positivo entre importações e exportações, cerca de US$ 9,9 bilhões, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) divulgou, na terça-feira, que as exportações atingiram o menor nível, em relação ao ano anterior, desde 1950, com queda de 23,08% e receita de US$ 152,2 bilhões.

Consumidor - O professor de Economia internacional da Eaesp-FGV (Escola de Administração e Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), Evaldo Alves explica que a curto prazo, após as medidas para fortalecer o mercado doméstico em meio à crise financeira, o consumidor teve vantagens. "Como aconteceu com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)", diz.

Mas Alves avisa que "uma hora o governo vai reduzir os incentivos. Isso de forma progressiva". E é nessa hora que o consumidor sentirá os efeitos das medidas tomadas para escapar ileso da crise e ter a moeda nacional tão valorizada. Pois os produtos importados e os brasileiros podem ter elevação em seus preços ao consumidor.

"Acredito que haverá o restabelecimento dos tributos, mas não chegarão ao patamar em que eram cobrados antes da crise", completa Alves.

O saldo do fluxo cambial com exportação e importação foi de US$ 9,9 bilhões e o financeiro US$ 18,8 bilhões.

Mercado financeiro engordou resultado azul de 2009
Contrariando o fenômeno ocorrido em 2008, quando as operações financeiras registraram déficit de US$ 48,8 bilhões, levando o fluxo cambial para o negativo, em 2009 elas ergueram o indicador. Enquanto a diferença entre exportação e importação resultou em saldo de US$ 9,9 bilhões no ano passado, as transações como venda de ações, títulos do Tesouro ou investimentos em produção geraram superávit de US$ 18,8 bilhões.

Os estrangeiros compraram, em 2009, US$ 336,2 bilhões. Por outro lado, o Brasil vendeu para fora US$ 317,4 bilhões. O professor de Economia internacional da Eaesp-FGV (Escola de Administração e Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Evaldo Alves explica que esse recurso, em maioria, é especulativo, "que garante liquidez, mas deve diminuir em 2010".

O economista-sênior da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) Jayme Alves aponta que a abertura de capital do Santander "foi um dospontos mais importantes para o resultado do fluxo cambial financeiro em 2009".




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