Economia Titulo Empresas
Trabalhadores aprovam
paralisação na Quasar

Metalúrgicos se indignam com intenção da empresa
situada em Mauá de parcelar a rescisão de demitidos

Pedro Sousa
do Diário do Grande ABC
25/10/2013 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Por quase metade da sua vida, o técnico de qualidade de produção Flávio da Silva Gomes, 43 anos, trabalhou na metalúrgica Quasar. Porém, para o seu espanto, enfrenta problema grave com a empresa para a qual colaborou por 18 anos. Demitido no dia 3, foi informado por funcionários da área de recursos humanos da firma que não receberia as verbas rescisórias de uma só vez.

“Eu tenho quase R$ 40 mil para receber. É meu direito. Mas quando fui convocado para conversar, no RH, me falaram que eu seria pago em 15 vezes. Não assinei nada. Não aceito isso”, contou Gomes, que atuava em uma das duas unidades de Mauá da fábrica de autopeças.

O caso do demitido não é ímpar. Desde janeiro, cerca de 100 pessoas tiveram o contrato de trabalho encerrado, informaram os trabalhadores. Só no dia 3, foram 45 baixas. Tanto que o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá entregou carta de lei de greve para a Quasar. E, em assembleia ontem, na porta da fábrica, colocou em votação a greve, por tempo indeterminado em ambas unidades, caso a companhia não pague a rescisão na segunda-feira, quando vence o prazo do estado de greve. Por unanimidade, os cerca de 500 funcionários aceitaram cruzar os prazos.

Segundo o advogado Nikolas Koblev, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é clara quando ao pagamento da rescisão. “O prazo legal é de até dez dias.”

Segundo a CLT, no artigo 477, parágrafo 4, “o pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro.”

“Fiquei muito chateado”, desabafou o analista de logística Sandro Chiavetto, 38. Ele atuou por dez anos na empresa, que ofereceu um documento para assinar com a proposta de parcelar a rescisão em nove vezes.

Para o eletricista Jorge Mauro Kneip a proposta foi dobrada. Pagamento das verbas rescisórias em 18 parcelas. “E ainda queriam que nós assinássemos um termo para não processar a empresa.” Justamente por isso que o sindicato entrou na discussão. Não aceitou que a empresa descumpra um direito dos trabalhadores. “Na Quasar, nos últimos anos, só teve crescimento nos resultados. Não podemos aceitar que depois de tanto tempo, com o empregado se esforçando, que ele tenha que ser demitido e ainda não receba o que a empresa deve”, disse, ao microfone, o secretário-geral da entidade, Sivaldo Silva Pereira, o

Espirro - O vice-presidente do sindicato e coordenador da Força Sindical para o Grande ABC, José Braz da Silva, o Fofão, se mostrou indignado com a situação. “É o cúmulo uma empresa mandar embora os trabalhadores, não pagar os direitos de uma só vez e ainda mandar que os trabalhadores procurem a Justiça para ter os seus direitos.”

A Quasar disse que retornaria as ligações da equipe do Diário, mas não o fez até o fechamento desta edição. Segundo o sindicato, a empresa de autopeças fornece principalmente pedais de veículos para as montadoras da região, entre outros itens.
 




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