Setecidades Titulo Saúde pública
Descentralização da farmácia de alto custo fracassa mais um ano

Promessa era transferir distribuição de medicamentos do Mário Covas para municípios até dezembro

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
27/12/2017 | 07:00
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 Discutida desde 2014 e prometida pelo secretário adjunto de Saúde do Estado, Eduardo Ribeiro Adriano – em abril –, para ser concluída até dezembro, a descentralização da Farmácia de Alto Custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, fracassou mais um ano. O assunto voltou a ser debatido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em janeiro, no entanto, o avanço da questão ainda depende de aval do Estado, que analisa duas propostas de distribuição dos medicamentos: nos AMEs (Ambulatório Médico de Especialidades) de Santo André e Mauá, ou nos postos do Poupatempo da região (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá).

Se concretizada, a ação ajudaria a diminuir o tempo de espera para retirada de remédios, que hoje chega a durar quatro horas. “É cansativo. Tem mais de 150 pessoas na minha frente”, reclamou a técnica de enfermagem Daniela Braga Cintra, 36 anos, de Santo André, enquanto aguardava atendimento. “Descentralizar seria muito bom para a população, desde que fosse organizada (a distribuição) e a demanda de remédios atendesse a quantidade de solicitações.”

Toda vez que vai ao Hospital Mário Covas, a dona de casa Djanira Silva, 71, de Mauá, não leva menos do que duas horas para conseguir retirar medicamento para glaucoma. “A descentralização seria muito boa, pois reduziria as filas e também o tempo que levo para vir até Santo André”, diz.

No início do ano, o Consórcio retomou a discussão sobre a distribuição descentralizada de medicamentos de alto custo para a região e apresentou propostas. A ideia é que municípios da região assumam a responsabilidade de distribuir remédios de alto custo.

Em uma das propostas, de logística mensal, os municípios receberiam os medicamentos em centros de distribuição determinados e solicitariam subsídio estadual para custeio de despesas de armazenagem, logística e segurança. No segundo pleito, com logística diária, cada cidade receberia pacotes de medicamentos provenientes da central de distribuição estadual, e se encarregaria da entrega aos munícipes.

A Pasta estadual, por sua vez, reluta em arcar com os custos do procedimento. Por meio de nota, declara que mais de 90% dos municípios de São Paulo têm parceria para redistribuição de medicamentos de alto custo e “financiam integralmente suas farmácias próprias, uma vez que o Estado já fica responsável pela compra dos produtos”, e diz que está “à disposição dos gestores regionais para proceder de igual forma no Grande ABC”.

A Secretaria de Saúde estadual destaca ainda que “tem dialogado e dado apoio técnico aos municípios do Grande ABC e espera parecer das prefeituras para dar andamento à descentralização”. O Consórcio Intermunicipal, por sua vez, diz que “aguarda retorno do governo do Estado em relação às proposições apresentadas”.

Embora a questão esteja sendo discutida pela entidade regional, envolvendo seis das sete cidades (Diadema não integra mais o Consórcio), o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), se reuniu, em novembro, com a diretora do Departamento Regional de Saúde da Grande São Paulo, Vânia de Azevedo Tardelli, pedindo unidade da farmácia de medicamentos de alto custo na cidade. Segundo a Prefeitura, estudos estão sendo realizados para avaliar a hipótese. “A administração estuda a melhor logística para a implantação do serviço, além de questões de segurança e armazenamento. Uma das possibilidades é a implantação do serviço no AME de Mauá”, informou o governo mauaense.

A secretaria estadual destacou ainda que tem trabalhado para melhorar o serviço. “Desde 2013, têm sido realizadas diversas ações, a começar pela ampliação da área de espera da farmácia, que passou de 250 assentos para 450. Desde o ano passado, entregas trimestrais de medicamentos têm sido realizadas de forma gradativa, para que a frequência de pacientes seja reduzida e, consequentemente, haja maior celeridade no atendimento”, ressalta.




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