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Catador conhece cada palmo do Prosperidade

Em São Caetano, Zé da Rifa percorre as ruas e já diz saber até horários das famílias

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/01/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 José Sebastião Castilho Nobre, 71 anos, catador de material reciclável, conhece o bairro Prosperidade, em São Caetano, como a palma da mão. Utilizando uma bicicleta, ele passa nas casas e comércios para recolher o lixo e também conscientizar os moradores sobre a importância de separar os recicláveis. A familiaridade é tanta que sabe o horário em que as pessoas estão em casa.

De segunda a sexta-feira, há oito anos, a rotina de Nobre é a mesma. Ele levanta por volta das 6h, toma café e passa em todas as ruas do bairro. Nas casas em que sabe que os moradores trabalham, passa apenas no fim da tarde para não perder a viagem.

“Infelizmente, o pessoal não é consciente na separação do lixo. Tem gente que coloca o plástico com os restos de comida e até descarta o óleo junto. Quando encontro isso, dou uma orientação. Me sinto importante, porque também ajudo a salvar o planeta”, contou.

O ofício diário garante uma média de R$ 300 mensais, o que ajuda a aumentar a renda do aposentado. O quilo do plástico e do ferro é vendido por R$ 0,25, enquanto as latas de alumínio garantem R$ 3,50. “Tem dia que só consigo tomar um café, mas não tem problema. Não gosto de ficar parado. Quero me sentir útil.”

Desde que se aposentou, em 1994, ele não queria ficar parado. O apelido Zé da Rifa, como é conhecido, surgiu porque ele também vendia rifas de frango e costela assada, o que lhe garantia uma pequena porcentagem.

O trabalho também trouxe o vício no álcool, o que o recolhimento do material reciclável o ajudou a superar. “Hoje, ainda bebo uma cervejinha, bem de vez em quando.”

Morador do bairro desde os 5 anos, quando foi adotado, ele avalia que o Prosperidade está melhor hoje, e afirmou que não gostaria de morar em outro lugar. Atualmente ele tem casa própria, herança do pai, e vive com o filho de 38 anos, que, segundo ele, é acumulador. O casamento não deu certo.“Quando cheguei aqui era tudo estrada de terra. Isso sem contar nas enchentes que já vi, que foram mais de cinco. Hoje tudo está uma maravilha, gosto muito de morar aqui e da convivência com a vizinhança”, disse.

Uma prova do quanto o idoso é querido é a nova bicicleta, que ele exibe orgulhoso. A antiga quebrou em março do ano passado e, desde então, ele utilizava uma carroça.

O comerciante Rony Guimarães, 50, se comoveu e comprou uma bike nova e equipada com espécie de gaiola onde ele coloca os materiais que pega. “Ele tem muito a ensinar e é querido por todos aqui do bairro”, afirmou.

 




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