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CEF adia captação de recursos no exterior por falta de garantia
Das Agências
14/07/2002 | 20:15
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Por causa das recentes turbulências nos mercados financeiros brasileiro e norte-americano, a CEF (Caixa Econômica Federal) adiou os planos de fazer a sua primeira captação de recursos no exterior. Depois do ajuste realizado pelo governo federal no ano passado, a instituição decidiu marcar presença no mercado internacional.

No entanto, o presidente do banco, Valdery Albuquerque, diz que “quer entrar pela porta da frente” e descarta “uma operação com garantia do governo”. A idéia inicial era fazer uma emissão no mercado europeu ou uma operação com lastro em créditos da empresa, conhecida como securitização de recebíveis.

A justificativa para a recusa do aval do próprio controlador é simples: “se fizer uma vez assim, precisaremos ter a garantia sempre”, diz Albuquerque. Como a instituição não tem nenhuma necessidade financeira no momento, a idéia é esperar o cenário melhorar.

“Desacelerei esse tema na minha agenda”, afirma o presidente da Caixa. “Ao contrário do Banco do Brasil, que tem um braço internacional e recebíveis para negociar lá fora, a Caixa precisa preparar bem essa operação”, argumenta.

Com isso, acredita, a instituição ganha tempo para preparar melhor essa inserção no mercado externo. O primeiro passo já foi dado: a contratação da agência Moody’s para fazer uma classificação do risco da instituição. A nota deverá ser divulgada no final de agosto.

Por enquanto, a direção comemora a avaliação preliminar da Caixa feita, por conta própria, pela agência internacional Fitch com base nos dados fornecidos no balanço do banco. “O rating de Caixa está próximo ao da República”, destaca Albuquerque.

O documento enviado pela agência à presidência da instituição afirma que a nota atribuída para as obrigações de curto prazo, F1+ (bra), “indica a mais forte capacidade de pagamento, no prazo esperado, de compromissos financeiros comparados a outros emissores do mesmo país”.

Para o longo prazo, o rating estabelecido, AA (bra), “denota um risco de crédito muito baixo” e “difere apenas levemente do risco das obrigações com o mais alto rating do país”. A perspectiva de longo prazo é considerada estável.

Na análise, os técnicos lembram que a instituição operou nos últimos anos “com sérios problemas, principalmente de baixa qualidade de ativos e capitalização, que geravam fortes desequilíbrios em sua condição econômico-financeira”. Eles também destacam que têm sido verificadas “inconsistências em seus dados” e que os auditores “há tempo vêm ressaltando que não é possível avaliar adequadamente os valores dos créditos a receber do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais), os quais têm gerados significativas receitas somente contábeis”.

No entanto, eles afirmam que é importante considerar as funções sociais e institucionais de suporte a autarquias e lembram o ajuste feito no ano passado pelo Tesouro Nacional que “segregou do balanço da Caixa atividades subsidiadas ou com enfoque social daquelas com enfoque comercial, reduzindo a possibilidade de geração de problemas futuros”.

Outro ponto favorável apontado foi a recente decisão do governo que permitiu à instituição contabilizar os títulos federais, LFT’s, na categoria de papéis mantidos até o vencimento e, com isso, o banco deixou de efetuar substanciais ajustes por conta do deságio desses títulos.




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