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Por que a gente soluça?
Nayara Fernandes
Especial para o Diário
01/08/2010 | 07:03
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Claudinei Plaza/DGABC


Denise Machado das Chagas, 10 anos, de São Bernardo, nunca entendeu por que a gente soluça. Ela diz que sempre que dá muita risada, esse misterioso fenômeno aparece. "Quando isso acontece, minha mãe fala que tenho de beber água para parar." E não é que funciona!

Os estudiosos não sabem explicar direito o que faz a gente soluçar, sabem apenas sua origem. O culpado é o nervo frênico!

Tudo começa no diafragma, músculo entre o tórax e o abdômen que serve para separar essas duas partes do corpo. O diafragma tem tarefa importante na respiração, relaxando o pulmão na hora de puxar o ar e apertando-o para soltá-lo. Essa operação é controlada pelo tal nervo frênico. Os médicos sabem que, quando irritado, esse nervo causa o soluço. Mas ainda é mistério o por quê e como ocorre.

Acredita-se que comer em exagero e muito rápido pode provocar soluço. Ao engolir a comida rapidamente, engole-se também muito ar, o que forma uma bolha de ar no estômago. Isso pode irritar o nervo frênico e aí começa o soluço. No entanto, a crise nunca dura muito tempo; raramente demora horas ou dias para passar.

Nos casos mais sérios, o soluço é causado por algum dano no nervo frênico ou em alguma parte do cérebro. Pancada na cabeça, tumor, epilepsia (doença que provoca convulsões e ausência de consciência), por exemplo, podem causar uma crise que não passa.

Se o soluço continuar, é preciso ir ao médico para descobrir a origem do problema. Em casos raros, é necessário até uma cirurgia. O fenômeno não tem nenhuma utilidade para o corpo humano. Já a tosse e o espirro, por exemplo, são úteis pois ajudam o organismo a se livrar da poluição, poeira e bactérias que causam doenças.

Consultoria de Wilson Roberto Catapani, gastroenterologista da Faculdade de Medicina do ABC

Muito mais do que simpatias
Nenhuma simpatia para acabar com o soluço tem resultado comprovado. Mas, como depois de um tempo o problema desaparece sozinho, a gente acredita que se livrou do incômodo por causa do que fez. Levar susto é bobagem, assim como colocar fiapo de lã na testa do bebê.

Outras soluções não têm comprovação científica, mas podem funcionar. Beber água gelada rapidamente pode relaxar o nervo frênico, e o incômodo cessa. Beber com o nariz tampado também pode funcionar, desde que a respiração seja interrompida por instantes.

Segundo os médicos, essa parada para a água faz o diafragma recuperar o ritmo. Prender a respiração por alguns segundos ainda pode ajudar, porque aumenta a concentração de gás carbônico no organismo.

Hic, hic... - A maioria das vezes o soluço vem acompanhado de um barulhinho. Isso ocorre quando a glote (músculo da garganta) se fecha inesperadamente, sem depender da nossa vontade, quando inspiramos o ar, e faz com que as cordas vocais vibrem, produzindo o barulho. A glote se abre quando respiramos e fecha quando comemos.

Saiba mais
Acredita-se que o soluço já atinge o bebê ainda dentro do útero da mãe. Segundo estudos da Universidade Ocidental da Austrália, o soluçõ seria uma forma utilizada por ele para respirar enquanto seu pulmão ainda não está totalmente formado. Há quem diga que isso explica o fato de os recém-nascidos que nascem prematuros (antes de completar os nove meses de gestação) passarem mais tempo soluçando do que os nascidos no tempo certo. De qualquer forma, a maioria dos bebês soluça depois de mamar, porque engole muito ar ao sugar o leite rapidamente.

Alguns mamíferos, como cães e gatos, também soluçam (mas não fazem barulhinho para isso), principalmente filhotes, porque têm dificuldade para regular a temperatura do corpo quando há mudanças bruscas e esfria. Em geral, dura alguns minutos.




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