O empresário Ronan Maria Pinto deve depor nesta segunda-feira pela manhã na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura um suposto esquema de propina na Prefeitura. Ronan foi denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha e concussão (extorsão praticada por funcionário público) como um dos mentores do suposto esquema. Ronan é proprietário da Rotedali, empresa responsável pela coleta de lixo na cidade, e sócio da Expresso Nova Santo André, empresa da área de transporte do município.

O depoimento de Ronan deve seguir a mesma linha de sua defesa prévia, entregue na última quinta-feira à 1ª Vara Criminal de Santo André. Na defesa encaminhada à Justiça e assinada pelo advogado Cláudio Mariz de Oliveira (ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo), Ronan nega as denúncias e diz que “a prova do Ministério Público é unilateral, parcial, pré-constituída e colhida para acusar e não para descobrir a verdade”.

Mas Ronan também terá de explicar porquê os empresários Rosângela Gabrilli, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Neto e Sebastião Passarelli, todos da Expresso Guarará e Viação São José, e João Antonio Setti Braga, da Viação ABC, o colocaram como o interlocutor da Prefeitura para cobrar a propina dos empresários. Passarelli chegou a afirmar que uma vez entregou pessoalmente a Ronan e a Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, cerca de R$ 40 mil em dinheiro. Segundo Passarelli, Ronan teria dito que o dinheiro não ficaria em Santo André.

O empresário também é investigado pela Polícia Federal em um suposto envio ilegal de dinheiro ao exterior, na chamada Conexão Uruguai. O Diário publicou no último dia 7 documentos que apontam a ligação de Ronan com o esquema de remessas de dinheiro. O assunto também deverá ser pauta dos questionamentos dos vereadores durante o depoimento de Ronan à CPI.

O presidente da CPI, vereador Antonio Leite (PT), confirmou que o assunto será questionado na comissão, mas que ainda não pode afirmar se irá solicitar os documentos apresentados pelo Diário. “Vamos primeiro ouvir todos os depoimentos para depois decidir quais documentos serão necessários para as investigações”, disse.

Sérgio Gomes – Nesta terça, a CPI de Santo André deverá realizar o último depoimento do início dos trabalhos da comissão. Deverá ser ouvido o empresário Sérgio Gomes da Silva, também denunciado por formação de quadrilha e concussão por seu envolvimento no suposto esquema de propina. Sérgio era conhecido por sua grande influência dentro da administração municipal desde o primeiro mandato do ex-prefeito Celso Daniel, entre 1989 e 1992. O empresário era amigo pessoal de Celso e dirigia a Pajero quando o ex-prefeito foi seqüestrado na noite do dia 18 de janeiro e, depois, assassinado.

O advogado de Sérgio, Roberto Podval, afirmou que deverá apresentar nesta segunda a defesa prévia à 1ª Vara Criminal de Santo André, mas que não pretende divulgá-la à imprensa para respeitar o segredo de Justiça no qual tramita o processo.