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Medo aumenta no Casa Grande após morte de motorista

Criminosos em motos abordam quem passa pelo bairro de Diadema onde mulher foi assassinada dia 15

Yasmin Assagra
do Diário do Grande ABC
30/09/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A sensação de insegurança que vem no rastro dos índices de criminalidade faz parte da rotina da população do Grande ABC, em especial de Diadema. Na cidade, moradores dizem ser difícil quem não conheça alguém que já tenha passado por problemas relacionados a assaltos ou furtos, o que, muitas vezes, ajuda a fortalecer a união entre vizinhos para tentar, pelo menos, diminuir a atuação de bandidos.

O medo se intensificou no Jardim Casa Grande desde a morte da motorista de aplicativo Adriana Márcia, 46 anos, que foi assassinada com um tiro no pescoço no último dia 15, quando se dirigiu ao bairro para buscar duas mulheres que saíam de baile funk, segundo informações da polícia.

De acordo com relatos dos moradores do bairro, entre a Rua Artur Bernardes, Avenida Prudente de Moraes e Getúlio Vargas existem vielas para acesso de pedestres, o que tem atraído olhares de indivíduos para cometer os delitos em motocicletas ou a pé, como roubos de celulares e carteiras, por volta das 6h30. “Além dos roubos, eles também utilizavam as vielas para fugir dos policiais”, comenta o auxiliar de produção e morador do bairro há nove anos Francisco Fernandes França, 61.

Segundo ele, a vizinhança decidiu se unir para solicitar providências, tanto da Prefeitura quanto da polícia, para tornar o local mais seguro. O resultado é que, há pelo menos dois meses, grades foram colocadas no início de cada trecho das vielas para tentar inibir ações dos assaltantes. “A vizinhança solicitou para a PM (Polícia Militar), que foi a responsável em colocar essas grades por aqui. Acreditamos que melhorou, pois, na semana passada, um indivíduo tentou fugir por essa viela, se deparou com as grades e acabou apreendido”, relata.

Desempregada e moradora do bairro vizinho Jardim Arco-Íris há cinco anos, Ana Lúcia Costa Ferreira, 40, conta que precisa passar pelas vielas todos os dias para buscar os filhos na escola. E ressalta a dificuldade para encontrar motoristas de aplicativos naquela área. “Por mais que tenham câmeras de segurança instaladas, ainda precisa fazer muita coisa”, comenta.

A equipe de reportagem do Diário tentou solicitar viagens pelo aplicativo no local e demorou cerca de 15 minutos para a chamada ser atendida.

Dawison Carlos da Silva, 34, é morador de São Bernardo e costuma fazer viagens pelo Grande ABC, mas comenta sua insegurança quando o embarque ou desembarque são em Diadema. “Trabalhei muito tempo durante a madrugada, mas depois que soube desses acontecimentos (a morte da motorista), troquei pelo trabalho diurno. Quando aceito viagens, costumo olhar se é rua sem saída ou áreas de perigo e já me preocupo”, explica.

Em nota, a Prefeitura de Diadema informa que realiza conversas com as polícias Civil e Militar para intensificarem o policiamento na região.

MORTES
A Região Metropolitana de São Paulo registrou quatro mortes de motoristas de aplicativos em 15 dias. A vítima mais recente foi Osmar de Souza Prado, 36, assassinado na madrugada de ontem, em Suzano. Os outros óbitos ocorreram um no dia 18 em Itaquaquecetuba, e dois no dia 15, um na Capital e outro em Diadema.

Colaborou Aline Melo

Diadema tem o maior índice de roubo a condutores de aplicativos

Levantamento feito em março pelo Diário, com base em registros de boletins de ocorrência, mostra que Diadema é o município mais perigoso do Grande ABC para motoristas de aplicativos direcionados ao transporte individual de passageiros. Segundo dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), em 2018, nove em cada dez casos de roubo praticados contra esses profissionais durante o horário de serviço foram observados na cidade.

Conforme o relatório – obtido pela equipe do Diário via Lei de Acesso à Informação –, no ano passado, das 32 ocorrências lavradas junto à Polícia Civil incluindo motoristas de aplicativo, 28 ocorreram em Diadema. Os casos envolvem desde roubo de veículos até pertences das vítimas, como celulares e dinheiro.

Deste total, 11 crimes foram cometidos na área do Casa Grande. O bairro está no topo dos locais mais perigosas na região para motoristas de aplicativos.

NOVO CASO
Diadema registrou, ontem, um novo caso de assalto a motorista de aplicativo. Um condutor do aplicativo Cabify atendeu dois passageiros na Avenida Santo Amaro, em São Paulo, com destino à cidade. Ao chegar ao endereço, outras duas pessoas se juntaram aos passageiros e o condutor foi agredido, obrigado a fazer um empréstimo no banco pelo telefone e assaltado. Após realizarem diversas compras no Shopping Praça da Moça, os bandidos fugiram. A vítima foi socorrida à UPA Paineiras pela PM e o caso foi registrado no 1º DP (Centro).




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