Setecidades Titulo VIOLÊNCIA
Morador de rua ateia fogo em colega por vingança em Sto.André

José Severino Vieira, 59, foi preso em flagrante na manhã de ontem e confessou o crime, registrado na madrugada em terminal de ônibus

Por Bia Moço
do Diário do Grande ABC
02/04/2019 | 07:00
Compartilhar notícia


Policiais civis do 2º DP (Parque das Nações) de Santo André prenderam, na manhã de ontem, o morador de rua José Severino Vieira, 59 anos, responsável por matar um colega, também em situação de rua, conhecido como Diego. Em depoimento à polícia, o acusado assumiu ter cometido o crime após uma discussão. Ele usou um porrete com pregos para atingir a vítima, que dormia em área do Tersa (Terminal rodoviário de Santo André), no bairro Jardim, na madrugada de ontem, e, depois, ateou fogo.

Segundo o delegado titular do distrito policial, José Itamar Martins da Silva, o responsável – natural de Pernambuco – confessou o crime assim que foi encontrado pelos investigadores. A equipe chegou até ele após acessar imagens das câmeras de segurança do terminal e coletar informações junto aos demais moradores de rua que vivem na área. Vieira foi preso por homicídio doloso qualificado. O inquérito será registrado como flagrante, já que o esclarecimento ocorreu na sequência do crime. “Vieira não tem passagem pela polícia e diz que não se arrepende de ter matado Diego, já que estava cansado de sofrer ameaças”, ressalta Silva.

Sem demonstrar qualquer sinal de arrependimento, Vieira acredita que “Diego pagou pelo que fez”. “Ele dava tapa na nossa cara, machucava, roubava o pouco de dinheiro que a gente conseguia com esmola. Nos obrigava a arrumar droga e bebida para ele e ameaçava matar. Alguém tinha que parar o Diego.”

A decisão sobre o crime ocorreu após ameaça, conforme Vieira. “Na noite de ontem (domingo), ele (Diego)colocou uma faca na minha cara e pediu dinheiro. Falei que não tinha e ele avisou que, se eu não conseguisse, iria me matar. Não uso drogas, nunca usei, só tomo minha bebida. Não ia arrumar dinheiro para isso e dar a ele por medo.” Ele relata, ainda, que há uma semana foi agredido pela vítima com uma facada no braço esquerdo.

Por volta da 0h40 de ontem, Vieira foi ao posto de combustível localizado na Avenida dos Estados e comprou R$ 12 em álcool. Depois disso, improvisou um porrete com pedaço de madeira encontrado por ele no lixo e que continha pregos. As câmeras de segurança do estabelecimento registraram o responsável pelo crime, à 0h49, no momento em que deixou o posto e seguiu em direção ao Tersa. “Dei umas porretadas no Diego e joguei fogo. Não tenho do que me arrepender”, diz.

Conforme a Polícia Civil, os depoimentos dos moradores de rua que vivem no entorno do Tersa dão conta de que a vítima era violenta, usuária de drogas e que costumava agredir os companheiros. Informações preliminares levantadas pela equipe de investigação do 2º DP apontam ainda que, há 15 dias, Diego chegou a cortar fora a mão do namorado, um travesti, que fugiu após a briga. “O Diego roubava facas em supermercado próximo ao terminal para machucar e ameaçar os colegas”, diz o delegado. Já Vieira morava há dois anos no local e, segundo comerciantes, sempre se mostrou calmo e simpático.

Por volta das 2h40, os bombeiros foram chamados para apagar incêndio na rodoviária, que fica nas proximidades do Viaduto Presidente Castello Branco. Três viaturas foram enviadas ao local. Quando as chamas foram controladas, o corpo do homem foi encontrado. A arma utilizada para o crime foi apreendida pelos policiais. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML (Instituto Médico-Legal) da cidade. No entanto, segundo o delegado, a identificação completa da vítima só poderá ser conhecida após exame de DNA.

Cidade teve outros dois casos com mortes

Nos últimos dois anos, o Diário noticiou outros dois conflitos entre moradores de rua envolvendo mortes e feridos em Santo André.

O caso mais emblemático foi em agosto de 2017, quando Fabio Netto das Neves, 48 anos, e o inglês Michael Steer Renshaw, 50, foram assassinados pelo colega de rua Manoel Almeida da Silva, 46, no bairro Casa Branca, com golpes de barra de ferro. O autor do crime foi preso três dias depois após confessar que reagiu contra a dupla por “vingança”. O crime gerou comoção, já que a dupla de moradores de rua era conhecida no bairro.

Em janeiro do ano passado, dois mendigos tiveram os corpos queimados após disputa por espaço para dormir na cidade. Três dias depois, Adaildo de Jesus, 43 anos, morreu no Hospital Geral de São Mateus, na Zona Leste da Capital. A mulher de dele, Ducineia da Costa, 47, também foi queimada e permaneceu internada por mais de um mês, até se recuperar. Eles foram alvo do colega de rua Damião Batista de Oliveira, 48, que, após discussão, se dirigiu a um posto de combustível e comprou álcool e isqueiro. Ao retornar ao local, ateou fogo no casal, que estava dormindo e não teve tempo de se defender. O caso ocorreu na Avenida Dom Pedro I, em local próximo ao Terminal da Vila Luzita.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;