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Família de Mauá muda de vida criando minhoca
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
01/11/2003 | 19:07
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Se você acha que minhoca é um bicho nojento, sujo, desprezível e sem valor, a maior parte de suas opiniões está errada. Em Mauá, famílias vivem muito bem criando esse pequeno animal. Melhoraram o padrão de vida e querem agora expandir e ampliar o leque de utilidades da minhoca. Pasmem: em breve vão exportar húmus – terra preparada pela minhoca – para a Alemanha. Só não há, porém, como discutir se a minhoca é nojenta ou não. Depende de cada um.

Mas pelo menos outras 100 pessoas da cidade e de outras localidades do Brasil estão dispostas a se acostumar. Isso porque minhoca alimenta e só faz bem. Sessenta e cinco por cento da carne do anelídeo é proteína e serve de matéria-prima para a fabricação de farinha para alimentar peixes e frangos e, em alguns pontos do mundo, medicamento natural para tratamento de doenças dos músculos e ossos humanos.

Se o aspecto do bicho é de dar nojo, tem gente que nem liga. Maria Silva Bento é uma das moradoras de Mauá que perderam o pudor. Há dez anos, pôs a mão na minhoca. O cultivo do animal rende hoje a ela, ao marido e a outras cinco pessoas da família o sustento e a vontade de crescer ainda mais. O casal conseguiu comprar terras e viver com conforto.

O exemplo de sucesso da família Bento, que mora em uma área de manancial em Mauá, chega agora ao espaço urbano da cidade. A partir de segunda-feira, 100 pessoas ficarão os próximos 30 dias recebendo instrução teórica e prática sobre o cultivo de minhocas em um terreno da Prefeitura, preparado para a montagem de um minhocário, no Jardim Sônia Maria. O curso é organizado pela Prefeitura e o espaço já está preparado para a formação das liras (cativeiro onde são criadas as minhocas).

A expectativa é grande. A maioria dos futuros minhocultores são mulheres de meia idade que, até agora, dedicaram-se a criação dos filhos. Elas nunca saíram de casa para trabalhar e a proposta de cultivar minhocas lhes parece uma oportunidade de melhorar a auto-estima. “Estou empolgada e não vejo a hora de esse terreno estar cheio de liras e a gente vendendo”, disse Hélia Maria Santos, que é mãe de quatro filhos.

A empolgação também contagiou o metalúrgico aposentado Francisco José Barbosa, escolhido pelo grupo como o diretor de patrimônio da cooperativa que começa a ser formada. “A maioria aqui nunca teve renda.” No terreno da parte urbana da cidade há apenas três liras. A proposta é chegar a 190. As vendas devem começar em um mês.




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