Política Titulo
Ivan Valente apela para que PT retome origens
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
07/06/2005 | 08:42
Compartilhar notícia


O deputado federal Ivan Valente (PT) fez nesta segunda uma espécie de apelo para que o Partido dos Trabalhadores retome suas origens, de esquerda, e faça as pazes com seu ideário político, rompendo com o atual modelo que visa principalmente a manutenção da governabilidade.

“Nós incendiamos o imaginário popular com um projeto de mudança”, disse Valente, referindo-se à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. “Hoje, o país está amarrado, proibido de crescer, porque, se crescer, gera inflação. Que modelo é esse?”, questionou.

“Sem crescimento, não temos distribuição de renda nem geração de emprego. Precisamos de coragem política para enfrentar esse formato econômico.” O atual sistema, segundo Valente, “desmobiliza a força social de mudança” por tentar realizar avanços “com apoio de partidos fisiológicos, que trazem a marca da corrupção”.

Ivan Valente fez essas declarações nesta segunda durante a realização do 11º Ciclo de Debates do Conselho Editorial do Diário, realizado no Pampas Palace Hotel, em São Bernardo.

Sobre a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias sobre a corrupção nos Correios, Valente disse que a iniciativa não deveria ter sido da oposição, mas do próprio PT. “Nós é que deveríamos ter saído na frente, porque quem não deve, não teme.”

Em relação às possíveis represálias que podem ocorrer contra os parlamentares petistas que foram favoráveis à CPI (como o próprio Valente, que votou pela abertura das investigações), o convidado do Ciclo de Debates citou um trecho de uma carta que o ex-frei Leonardo Boff enviou ao senador Eduardo Suplicy (que também votou favoravelmente à abertura da CPI).

“Boff disse o seguinte para o senador: ‘O partido, como indica o próprio nome, é parte, mas você, Suplicy, pensou no todo‘. A ética é uma questão maior, não apenas partidária”, disse Valente, assinalando que gostaria, “como milhares de corações e mentes que formam o partido”, que “o PT voltasse a ser o PT”.

Na abertura de sua apresentação, Valente fez um histórico sobre sua trajetória pessoal. Lembrou que iniciou a militância política no Centro Acadêmico da Escola de Engenharia Mauá. Contou que foi perseguido pela ditadura militar, que viveu clandestinamente no Rio de Janeiro, que foi preso e anistiado. Filiou-se ao PT em 1981. Exerceu dois mandatos de deputado estadual (de 19977 a 1994) e três de deputado federal. Disse que na atual legislatura é autor de 17 projetos de lei e cinco emendas constituintes, a maioria voltados para as temáticas da educação e meio ambiente.

Ao terminar sua exposição, Valente foi questionado por uma pessoa da platéia que perguntou “qual era a diferença entre o PT e o PSDB”? Outro participante do debate quis saber se era mais fácil “sair do PT, mudar o PT ou o PT mudar”.

Em relação à primeira questão, Valente respondeu que “o PT é diferente do PSDB pela sua história, composição e ideal político”. “É um partido que tem relação com os movimentos populares sociais organizados e militância participante.”

Sobre o PT mudar ou ser mudado, o deputado lembrou que o Partido dos Trabalhadores “nasceu de baixo para cima”, mesmo sem “ter vida institucional tinha uma força monumental”. Lembrou da época em que “10, 15 deputados faziam um barulho danado”. Valente considerou o momento “grave”, porque “trata-se de um partido jovem”, que está perdendo a credibilidade entre os formadores de opinião. “Nós deveríamos ter optado por uma política econômica diferente. O caminho escolhido foi o de contornar obstáculos, para evitar a chantagem do mercado financeiro.”

O deputado criticou o FMI (Fundo Monetário Internacional) que faz a drenagem do dinheiro que serviria para os projetos sociais. “Eu quero cumprir os contratos sociais e não o contrato com o FMI.” Na próxima semana, o Ciclo de Debates continua com o deputado federal Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho (PT).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;