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‘Volto ao PSDB para ser candidato ao Paço de Mauá’, diz Volpi
Caio dos Reis
Especial para o Diário
05/09/2015 | 07:27
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Ricardo Trida/DGABC


Ex-prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi deixa o PTB e irá para o PSDB ser candidato ao Paço de Mauá. Após mais de um mês de tratativas, conversas com presidente estadual do PTB, Campos Machado, e com integrantes do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) selaram saída da legenda ontem.

De volta ao partido e ao município onde atuou como vereador por dois mandatos, entre 1983 a 1988 e 1989 a 1992, Volpi alega que instabilidade política e insatisfação popular em Mauá motivaram volta para cidade natal.

Em entrevista exclusiva ao Diário, Volpi também fala sobre possibilidade de o PTB indicar vice na chapa majoritária, entretanto, não adianta nome. Sobre a situação política de Ribeirão, ele diz que apoio depende da nova legenda lançar ou não candidato na cidade.

Superintendente do Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo), Volpi afirma que deixa cargo ainda no fim deste mês para se dedicar à campanha.

Sobre o cenário do pleito de 2016 com candidaturas de Atila Jacomussi (PCdoB) e Vanessa Damo (PMDB), Volpi discorre que “não pode ter preocupação com adversários, mas sim ter boas propostas”.

Como foram tratativas para saída do PTB e volta ao PSDB?
A conversa se arrastou por 30 dias, mas já havia passado pela minha cabeça essa coisa de transferir título e domicílio eleitorais. Começou uma conversa na Casa Civil (com Edson Aparecido, PSDB) onde se apresentaram algumas possibilidades de candidaturas no Grande ABC e Mauá tinha números favoráveis para um candidato que pudesse representar uma novidade. Eu tinha compromisso de ordem moral e de gratidão com o Campos Machado (presidente estadual do PTB), porque eu não queria sair pelas portas do fundos do PTB em hipótese alguma e a gente foi tentando conciliar as coisas. Por outro lado, a oportunidade de ir para Mauá e ser candidato pelo PTB não era bem o que o governo (do Estado) queria. Depois surgiu a possibilidade de ir para o PSDB, que é partido que tem crédito configurado. Foi conciliando isso e as pesquisas que mostram insatisfação popular (do governo de Donisete Braga, PT)... Eu fui me convencendo aos poucos. Agora a expectativa é que durante a semana que vem eu assine a ficha (de filiação no PSDB), mas está tudo bem negociado e conversado. A única coisa que se discute é a possibilidade do PTB ter o vice. Não há nenhuma restrição quanto a isso.

Como é voltar para Mauá depois de tanto tempo?
Eu acredito muito nessa coisa espiritual. Comecei minha carreira em Mauá, conheci minha mulher lá, vou morar perto do meu antigo colégio, meu filho mais velho nasceu lá, fui vereador, presidente da Câmara, secretário. Tenho história muito bem configurada em Mauá. Toda semana, uma vez por semana, passo o dia em Mauá. Toda minha família mora em Mauá. Em Ribeirão Pires eu sempre tive chácara de lazer lá que depois acabou virando residência. Diante dos acontecimentos e dos fatos atuais apareceu essa oportunidade. Há instabilidade política, não por negligência do prefeito (Donisete), porque é natural e momentânea, e que, de alguma forma, se apresentou essa oportunidade. Se me perguntarem se eu gostaria de ser prefeito de Mauá eu diria que sim. Fiz toda carreira pública começando lá. Isso levantou o ego. Depois, eu precisava de grupo, porque ninguém ganha nada sozinho, tem de ter estrutura, companheiros, partidos aliados. E tem de ter, acima de tudo, projeto de gestão. Quando fui candidato em 2004, em Ribeirão, pedia oportunidade para mostrar como se faz boa administração. Eu acho que cabe também para Mauá a mesma proposta. A aliança com o governo do Estado também é muito importante, você não pode governar uma cidade com situação difícil como esta, sem pensar em ter governo estadual e federal junto. Então a candidatura no PSDB ajuda muito isso. Não estou entrando no partido do governo pela porta do fundo, fui convidado.

Qual a avaliação do cenário de Mauá para 2016?
Eu acho que quando a gente aceita um desafio como esse tem de estar preparado para esse embate. Se você tentar mexer as pedras para ficar bom para você, pode não dar certo. Não posso ter essa preocupação, tenho de ter uma proposta. Se essa proposta for bem entendida pela população, você com certeza levará vantagem sobre os adversários. O cenário é muito difícil para uma candidatura, mas ele tem de ser enfrentado.

Qual cenário é mais complicado, o de Ribeirão em 2004 ou de Mauá para 2016?
Eu diria que esse de Mauá neste momento, se todos forem candidatos (Atila Jacomussi, do PCdoB, Vanessa Damo, do PMDB, e Donisete, na reeleição), é mais difícil. O de 2004, nós detectamos fragilidade aparente, que não se configurou do Valdírio Prisco (ex-prefeito). No meio da campanha vimos que seria impossível fazer campanha de combate ao Valdírio, mas sim campanha de conquistar o voto dos outros e foi o que aconteceu. O de Mauá hoje é perspectiva de candidato com capacidade de fazer gerenciamento qualificado em áreas que todos reclamam. Embora todos esse políticos estejam hoje na minha frente (em pesquisas eleitorais), há desgaste natural ao longo desse tempo e vamos apresentar proposta de governança para Mauá de acordo com as condições financeiras. No momento em que políticos estão sofrendo com descrédito, é preciso que apareçam candidatos com crédito para a população.

Como é enfrentar Donisete nas urnas, amigo próximo?
Temos excelente relacionamento. Não sou inimigo do Donisete e vamos fazer disputa limpa, dentro do padrão da ética. Há uma necessidade de ter esse embate de novas propostas, sentimentos. Esse é o caminho. Gosto de debates, discussões. Gosto de que me afrontem para achar soluções. Esse talvez seja o maior desafio da minha vida.

Atila e Vanessa representam grupos da sua origem política, herdando espólios eleitorais de Admir Jacomussi e Leonel Damo. Como o sr. vê isso?
Eu sempre achei que teria a oportunidade de ser candidato a prefeito de Mauá lá atrás. Eu não consegui porque tanto Leonel quanto o José Carlos Grecco (ex-prefeito, do PSDB) sempre tiveram mais oportunidades por merecimento e história do que eu. Eu me sentia um pouco frustrado por isso, mas acredito no destino, talvez não estivesse preparado para uma cidade do tamanho de Mauá.

O sr. continua no cargo de superintendente do Ipem-SP?
Preciso de mais tempo na rua e talvez no dia 30 de setembro devo apresentar minha demissão para o governo e para o PTB para que eu tenha mais tempo para construir as alianças e consolidar a campanha.

Com a sua saída de Ribeirão, o Kiko se torna favorito lá?
Acho que hoje ele se torna favorito. As pesquisas eram sempre bem variadas, mas ele sempre estava bem colocado. Por outro lado, pesquisas independentes mostram que o Banha (vereador do PDT) aparece bem, a Rosi (de Marco, do PV), o Charles D’Orto (PR). As questões jurídicas podem acabar também barrando alguma candidatura.




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