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Craques no pebolim

Criado na Europa na década de 1930, o pebolim é diversão que exige estratégia e concentração

Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
24/11/2013 | 07:00
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Divulgação


Quem gosta de futebol nem sempre precisa suar a camisa e sair correndo pelo campo para defender o time ou marcar gol. Com o pebolim, garantem os apaixonados pelo jogo, é possível sentir a mesma adrenalina do gramado.

Consiste em manipular bonecos presos a manetes (barras) num tipo de mesa. Assim, deve-se ter mais habilidade nas mãos do que nos pés. É preciso concentração e estratégia, seja na partida em dupla ou individual, contra outro jogador.

O jogo está em salões de festas, condomínios e até na escola. Foi assim que os colegas Felipe Barbosa, 10 anos, e Lucas Fiorini, 10, de Santo André, descobriram a diversão. No colégio onde estudam há três mesas de pebolim no pátio. “É bem disputado no intervalo. O legal é que dá para comandar o time e ter autonomia para decidir as jogadas. Em dupla, precisa ter sintonia”, diz Felipe.

Lucas achou difícil controlar as barras no início. “Precisa de força e prática, além de respeitar as regras, que não são iguais às do futebol (de campo).” Como não há contato entre os bonecos nem entre os jogadores, as faltas são diferentes. Distrair o oponente ou mexer a mesa são alguns dos comportamentos que levam às penalizações. Neste caso, quem as comete perde a posse de bola. Em competições profissionais, a regra também não permite conversas durante a partida. Se jogar em dupla, os companheiros têm dois tempos de 30 segundos para discutir.

Durante o jogo, a dica é virar um pouquinho o corpo (não deixá-lo completamente de frente para a mesa) para ter melhor visão do campo. Há ainda variadas posições das mãos de acordo com a jogada que deseja fazer. Além disso, é importante fazer alongamento nos membros superiores antes da brincadeira para evitar machucados.

Brincadeira surgiu na Europa

Espanha e Alemanha disputam o posto de inventor do pebolim. Em 1936, após se ferir na Guerra Civil Espanhola, Alejandro Campos Ramirez criou o jogo no hospital, inspirado no tênis de mesa. Já o alemão Broto Watcher teria comercializado a primeira mesa também na década de 1930.

No Brasil, chegou entre os anos 1950 e 1960 e se espalhou pela América do Sul. Popularizou-se a partir de 1970, mas perdeu espaço para o videogame no fim da década seguinte.
O jogo passou a ser considerado esporte após a criação da Federação Internacional de Futebol de Mesa, na França, em 2002. Mais de 70 países fazem parte dela, incluindo o Brasil. No País, a Associação Brasileira de Pebolim surgiu em 2007.

No entanto, o único país que conseguiu o reconhecimento oficial do esporte foi Luxemburgo, na Europa. Isso porque existe dificuldade em reunir interessados em formar times profissionais. O pebolim ainda é visto pela maioria como passatempo.

Bonecos ganham vida em filme

Um jovem apaixonado por pebolim precisa salvar a extrovertida Laura, garota da qual gosta, e o vilarejo onde vivem do ex-colega de infância Colosso, famoso jogador de futebol. Essa será a complicada missão de Amadeo em Um Time Show de Bola, animação em 3D que chega sexta (29) aos cinemas.

O protagonista não sabe o que fazer nem para onde ir depois que o vilão Colosso manda derrubar o lugar em que brincavam de pebolim quando eram crianças. Amadeo só consegue resgatar pedacinho de barra com um bonequinho. Para piorar, Laura é raptada pelo malvado, e o restante da mesa vai parar no lixão.

Mas nem tudo está perdido. Capi, o boneco de chumbo salvo, ganha vida e une-se a Amadeo para resolver as encrencas.

O tema principal do filme não é o pebolim ou o futebol. Na verdade, a emoção em campo fica apenas para a disputa final que irá comover os moradores do vilarejo e o público. A animação faz a gente perceber a importância da amizade e como ela nos ajuda a encarar e superar desafios.Fique de olho nos bonequinhos. São engraçados e se metem em muita confusão!

Amigos criam o próprio time

Quatro amigos de São Caetano tiveram a ideia de criar no ano passado um time de pebolim. Como curtem a brincadeira, Gustavo de Oliveira, 11 anos, André Machado, 11, e Luiggi Serafim, 11, se reúnem no prédio de Gabriel Duarte, 11, para realizar as disputas.

“É jogo em que precisa confiar no parceiro, além de ter tática para conseguir bom resultado”, afirma Gabriel. Na opinião de André, o pebolim tem semelhanças com o videogame. “Tudo depende do controle de suas mãos para fazer boas jogadas.”

Às vezes, entre um jogo e outro, rolam discussões. “Brigas acontecem, mas logo voltamos a nos falar”, conta Luiggi.

O time tem uma reservista oficial: Ana Beatriz Gregório, 11. “Minhas amigas acham estranho, mas sempre gostei de futebol. A diferença é que com os pés não sou tão boa.” Para a menina, a brincadeira ajuda a relaxar e não machuca como outros esportes. A turma quer assistir à animação Um Time Show de Bola nos cinemas. “Estou curioso para ver a história. Acho que vai ajudar a divulgar o pebolim”, acredita Gustavo.

Confira as regras

O pebolim é formado por 11 bonecos, sendo dez em campo e um no gol.

A partida pode durar cinco minutos ou pode-se estipular um placar máximo, como cinco ou dez gols.

Decide-se no par ou ímpar quem começa e escolhe o lado da mesa que deseja ficar.

A bola pode ser lançada pelo buraco lateral da mesa ou colocada com a mão no meio campo.

Quando a bola parar fora do alcance dos bonequinhos deve ser colocada com a mão na defesa que estiver mais próxima.

Os companheiros de time podem trocar de posição quantas vezes quiserem.

É proibido fazer as barras girarem mais do que uma volta completa.

Não pode bater, sacudir ou levantar a mesa para dificultar a jogada do adversário.

Não se deve ficar mais do que 20 segundos com a bola em sua posse.

Mais curiosidades

O jogo é chamado fla-flu na região Sul e totó no Rio de Janeiro e demais Estados, com exceção de São Paulo e Minas, onde é pebolim.

A medida padrão da mesa de pebolim é de 1,40 m de comprimento e 75 cm de largura. Os bonequinhos têm, em geral, 9 cm.

Em geral, cada time de bonecos é formado por um goleiro, dois zagueiros, cinco no meio de campo e três no ataque.

No Sesc São Caetano (Rua Piauí, 554, tel.: 4223-8800) dá para jogar pebolim até dia 30. De segunda a sexta, às 11h, e sábado, às 10h.

Consultoria de Clayton Fonseca Júnior, presidente-fundador da Associação Brasileira de Pebolim.
 




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