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Enem: competição de cartas marcadas

O pobre não é burro, mas traz em sua bagagem vivencial desnível cultural enorme frente a quem tem bom capital econômico e cultural familiar

Do Diário do Grande ABC
18/11/2013 | 08:15
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Artigo

O pobre não é burro, mas traz em sua bagagem vivencial desnível cultural enorme frente a quem tem bom capital econômico e cultural familiar. No exame do Enem, claro, sua nota é bem inferior à daqueles que estudam em colégios particulares de bom ensino e que ainda contam com excelente capital familiar cultural (a diferença média na redação, computando-se as mais de 3,8 milhões de provas de 2011, é de quase 200 pontos). Já se sabe previamente de quem será a vaga no Ensino Superior gratuito. A desgraça da desigualdade socioeconômica não reside apenas no baixo capital econômico dos de baixo, e sim no seu precário capital cultural. A meritocracia é valor positivo, mas deve ser precedida das iguais oportunidades educacionais (que pressupõem alteridade, solidariedade, mudança do arquétipo patriarcal).

Se não colocarmos todo mundo em pé de igualdade em termos de conhecimento, a meritocracia (no acesso à escola pública superior) vira aeticracia vergonhosa. O mínimo ético exige mudança na nossa cultura. A primeira consiste em abrir os olhos para a realidade. Tornar visível o que é invisível, ou seja, a desigualdade brutal que acompanha nossa sociedade fundada no arquétipo patriarcal da desigualação, da hierarquização, da aristocratização. A política de dar o peixe só é sustentável em curto prazo, porque o correto é ensinar a pescar, porém, em pé de igualdade (todos devem ter as mesmas ferramentas, ingredientes e informações). E isso só se consegue (quando se consegue) com o ensino público de qualidade obrigatório, em período integral, até os 18 anos.

Um dos valores mais destacados do atual modelo capitalista neoliberal reside na competição (concorrência). Meritocracia é a palavra mágica. Nada contra ela. Ao contrário. Possui mesmo grande significado. Mas nossa cultura só quer meritocracia de fachada. Os pais privilegiados fazem de tudo para que seus filhos sejam ‘filhos da folha’ (de pagamento do Estado sem concurso público). É evidente que a competição meritocrática somente é ética numa sociedade em que as pessoas concorrem em pé de igualdade nos conhecimentos. Em sociedades extremamente injustas como a brasileira, os processos públicos de competição tornam visíveis as desigualdades que, no entanto, continuam invisíveis (porque os que estão na camada de cima imoralmente e cinicamente não querem ver nunca as amarguras dos de baixo). Ausência de compaixão, onde sobra malícia. Egoísmo eclipsando o altruísmo. Um dia temos que parar para analisar nossa cultura cínica (desavergonhada, sem escrúpulos, sem pudor, debochada). E, certamente, veremos os crassos erros que cometemos em termos de construção de sociedade sustentável.

Luiz Flávio Gomes é jurista.

Palavra do leitor

Imagem
O Diário publicou (Política, dia 10) a insatisfação das pessoas com os prefeitos das sete cidades do Grande ABC. Isso devido ao evidente abandono que todos estão vendo por parte desses gestores. Dias depois, nossos representantes disseram que reconhecem o descontentamento e prometem melhorar daqui para frente. Com relação ao prefeito de Santo André, sugeriria começar tapando os buracos das ruas e limpando os matos das vielas porque a situação está deplorável. Se quer aumentar o conceito com a população, que tal começar trabalhando?
Carlos Alberto Oliveira
Santo André

Desistir
Referente à carta do leitor Daniel Schmaiz (Pancadão, dia 15), complemento dizendo que nossa cidade São Bernardo está ficando abandonada, feia e tornando-se terra de ninguém, sem lei. Esta administração está realizando muitas obras e algumas reformas, porém, está se esquecendo da manutenção e conservação, de forma satisfatória, da estrutura pública que já existe. Diferentemente dos prefeitos anteriores, que mantinham a cidade relativamente bem cuidada. A fiscalização em geral é mínima e feita por pessoas despreparadas. No trânsito, por exemplo, não são vistas ações para coibir abusos dos maus motoristas e motociclistas. Se solicitada uma viatura, por meio do 0800, dificilmente aparece. Por vezes, a atendente diz que não há viaturas disponíveis. Fiquei sabendo que, aos domingos e feriados, há somente duas viaturas para atender toda a cidade, de cerca de 800 mil habitantes. Mais importante do que novas obras, para atender a demanda crescente, é manter funcionando bem o que já existe. Isso se reflete em qualidade de vida. É por isso que, infelizmente, estou pensando em mudar-me de São Bernardo.
Itamara Suzano
São Bernardo

Social
Em reportagem publicada neste Diário (Política, ontem), o prefeito Paulo Pinheiro disse que irá investir na área social em 2014. Parabéns ao prefeito por ter excluído as pessoas que estavam recebendo benefícios injustamente e por propor cartão único, a partir de março, com todos os benefícios. Eu me orgulho de viver nesta cidade azul.
Fernando Zucatelli
São Caetano

Despejo
Nosso Diário nos trouxe reportagem de Fábio Martins informando-nos sobre o despejo da Associação dos Voluntários da Saúde de Santo André (Política, dia 30). Associação essa que presta trabalho solidário e voluntário junto aos pacientes dos órgãos ligados à saúde, como Hospital da Mulher e Centro Hospitalar Municipal. Chamadas de Rosinhas, aproximadamente 90 voluntárias cortam cabelos, unhas e fazem higiene pessoal nos pacientes, além de levar alimentos e principalmente carinho aos mesmos e seus acompanhantes. O custo para manter esses ‘anjos rosados’ é de cerca de R$ 40 mil por ano. Não seria definitiva solução para o problema se o abastado financeiramente Fábio da Silva, filho do ex-presidente Lula, bancasse essa conta? Ou até o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que não sai das manchetes?
Cecél Garcia
Santo André

Mensalão – 1
Condenado, o exército de Lula não perde a pose, mesmo a caminho da prisão! Em braço erguido em riste ao firmamento, punhos cerrados, conclama suntuosamente apoiadores de suas biografias em necrose ética, moral e desafiadora da mínima providência legal. Não basta ministros, mesmo com alguns abrandamentos, reconhecê-los, tardiamente, como formadores de quadrilha para roubar os cofres públicos Brasil afora, durante décadas. É como se fosse um único evento! É como se a biografia pública em seus atos de ofícios,fossem imaculados. Levemente a Justiça deu meio passo à frente, porém, teremos agora, prisioneiros milionários, pois o dinheiro roubado jamais voltará aos cofres do cidadão brasileiro. O Partido dos Trabalhadores, infelizmente, não dá mostras de reconhecer seus líderes históricos (Zé Dirceu, Genoino e cia) como transgressores despidos da retidão. O militante verdadeiro não espera por isso.
Paulo Rogério Bolas
Santo André

Mensalão – 2
Pergunto: se eu cometesse um crime, sendo condenado e com prisão decretada, estando em cidade diferente daquela onde deveria me apresentar, como o faria? Através de meios próprios, igual a qualquer cidadão, creio. Por que, então, José Dirceu, Delúbio, diretores de bancos e outros foram levados por avião do governo a Brasília? Além dos prejuízos causados à Nação, terá ela de arcar com tais custos?
José Bueno Lima
Santo André

São Marcos?
O ser humano em vida jamais poderá ser considerado santo. As entidades religiosas, principalmente a católica, devem se manifestar à respeito da ideia de alguns fanáticos que consideram o ex-goleiro do Palmeiras ‘santo’.
Kiyoshi Ikeda
Santo André
 




Comentários

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