O francês Pascal Lamy vai dirigir a OMC (Organização Mundial do Comércio) a partir de 1º de setembro, após superar no processo de seleção o seu adversário, o uruguaio Carlos Pérez del Castillo, que anunciou nesta sexta-feira a retirada de sua candidatura.

Lamy, 58 anos, ex-Comissário Europeu de Comércio, obteve mais respaldo que Pérez del Castillo, que se proclamava representante das nações em desenvolvimento, após um processo de consultas de uma semana com os 148 países membros da OMC.

A queniana Amina Mohamed, presidente do Conselho Geral da OMC, que teve a responsabilidade de conduzir o processo, decidiu recomendar a candidatura de Lamy após escutar a opinião dos membros da organização. "Pedi ao meu governo que retire a nossa candidatura e liguei para Pascal Lamy para parabenizá-lo", declarou Pérez del Castillo, ex-embaixador do Uruguai ante a OMC, pouco depois de o resultado das consultas ser conhecido.

Lamy deve ser oficialmente nomeado para o cargo no dia 26 de maio, durante uma sessão plenária do Conselho Geral da OMC. Ele assumirá o cargo para um mandato de quatro anos, no dia 1º de setembro, em substituição ao tailandês Supachai Panitchpakdi.

Outros dois candidatos iniciais, o brasileiro Luiz Felipe de Seixas Correa e o chanceler da Ilha Maurício, Jayen Cuttaree, foram eliminados em abril após as primeiras consultas em que não tiveram grandes respaldos. Estas eliminações deixaram a disputa assim para os dois finalistas - Lamy e Pérez del Castillo.

Desde segunda-feira, os embaixadores dos 148 países membros se reuniram com Amina Mohamed, encarregada do procedimento de designação, para anunciar suas preferências em favor de um ou de outro candidato.

"Lamy, que esteve à frente de assuntos comerciais da UE (União Européia) entre 1999 e 2004, figurou sempre como favorito: tinha apoio de vários países, inclusive dos não-industrializados, o que lhe converteu em um candidato de consenso", explicou Omar Hilale, embaixador de Marrocos.

A Comissão Européia, órgão executivo da UE, comemorou nesta sexta-feira a escolha de Lamy para o posto de diretor-geral, lembrando que ele tem qualidades únicas para dirigir a OMC. "Nós festejamos, pois Lamy reúne qualidades únicas para estar à frente da OMC neste momento tão crucial", declarou Claude Véron-Reville, a porta-voz do Comissário Europeu do Comércio, Peter Mandelson.

Por sua vez, Pérez del Castillo sustentara nos últimos dias que a direção da OMC deveria permanecer nas mãos de um representante de países em desenvolvimento. Neste contexto, o próximo objetivo da organização será avançar com o ciclo de negociações de Doha sobre a liberação das trocas comerciais, que, a princípio, foi concebido para beneficiar os países mais pobres.

Após retirar sua candidatura, Pérez del Castillo declarou: "O melhor agora é resolver este problema o mais rápido possível. Todos os países se comprometeram com o objetivo central, que é o ciclo de Doha, para concluí-lo em 2006".