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Incineração já virou realidade para gestão de lixo hospitalar

Grande ABC coletou 3.284 toneladas de material de janeiro a julho deste ano

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
30/08/2020 | 00:01
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DGABC


O Grande ABC vê seus aterros sanitários chegarem perto do limite de capacidade e discute a viabilidade de adotar incineradores para a destinação do resíduo sólido urbano, com potencial para geração de energia. Na gestão do lixo hospitalar, esse procedimento já é realidade.

Com um volume pequeno na proporção total de detritos gerados – de janeiro a julho foram coletadas 3.284 toneladas desse material, enquanto que o recolhimento de entulho em geral passou das 400 mil toneladas no mesmo período –, o lixo hospitalar tem grande potencial de contaminação e pode até causar acidentes entre quem o manuseia.

A professora de tecnologia em gestão ambiental do Senac EAD Alessandra Knopik Beltrame explica que o lixo hospitalar é tecnicamente identificado como RSS (Resíduos de Serviços de Saúde). É gerado a partir de todo atendimento na área de saúde, seja humana ou animal, e ainda em clínicas de estética, serviços de necrotério, laboratórios de análises clínicas, estúdios de piercing e tatuagens, entre outros, inclusive os atendimentos domiciliares. O Grande ABC tem 3.466 estabelecimentos geradores cadastrados junto às administrações municipais.

Alessandra destaca que, dada à sua toxidade e periculosidade, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu regras nacionais para acondicionamento e tratamentos dos RSS, da origem ao destino. A resolução em vigor, de março de 2018, visa evitar danos ao meio ambiente, prevenção de acidentes aos profissionais envolvidos diretamente nos processos de armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação destes resíduos. 

Gestora nacional do curso de gestão hospitalar da Estácio, Cheryl Almada ressalta que, além de poder contaminar o meio ambiente, a destinação incorreta desse tipo de material pode ferir e/ou infectar os profissionais que atuam tanto na coleta de lixo como no recolhimento e na reciclagem de materiais descartados. A fiscalização dessa destinação cabe à Vigilância Sanitária do Estado e dos municípios.

Alessandra complementa que o mais preocupante é o descarte indevido de resíduos da categoria lixo infectante. “Nele estão presentes agentes biológicos como sangue e derivados, secreções e excreções, tecidos, partes de órgãos, resíduos de laboratórios de análises clínicas, microbiologia, materiais utilizados em áreas de isolamento, terapias intensivas, além de materiais perfurocortantes.”

A docente lembra que esses resíduos podem causar sérios danos se entrarem em contato com o solo e a água, provocando contaminações no ambiente, inclusive à vegetação. Uma vez em corpos d’água, “a contaminação se espalhará muito mais rapidamente e em maiores proporções, prejudicando qualquer ser vivo que tenha contato com essa água contaminada.”

Para quem utiliza seringas em casa, como diabéticos que fazem uso de insulina injetável, por exemplo, o recomendado é que os itens sejam entregues em unidades de saúde em recipientes adequados, como os que são utilizados para descarte em laboratórios, ou na ausência desses, em embalagens plásticas rígidas, mas nunca garrafas como as de refrigerante. “As garrafas pet, comumente utilizadas, não são uma boa escolha, pois são frágeis e apresentam a abertura estreita”, detalhou Cheryl. 

Mesmo com incineradores, há necessidade de aterros sanitários

A incineração é uma das alternativas para gestão do lixo, mas não é capaz de eliminar por completo a necessidade de aterros sanitários. 

“Sempre vai sobrar um material que precisa ser destinado para um aterro”, explica a professora de resíduos sólidos e contaminação e remediação de solos da UFABC (Universidade Federal do ABC) Giulliana Mondelli. “A boa gestão dos resíduos, com reciclagem e reaproveitamento, incinerando apenas o que não pode ser reciclado, é que vai garantir a sobrevida dos aterros”, comentou. 

O Diário já mostrou que dos dois aterros utilizados na região, um tem apenas cinco anos de vida útil (Santo André) e o outro, em Mauá, tem 20 (que recebe os resíduos das outras cidades).

A cinza do lixo hospitalar é considerada resíduo classe 1 (perigoso) e encaminhada para aterro próprio para esse tipo de material. A empresa Boa Hora Central de Tratamento de Resíduos, que está instalada em Mauá e recebe o lixo hospitalar de Santo André e São Caetano, destina essas cinzas co-processamento em Arujá, na Região Metropolitana.

São cerca de 300 toneladas de resíduos dessa natureza incineradas por mês. A incineração do lixo hospitalar não gera energia, devido ao tamanho da planta dos incineradores e a quantidade de material recebido, explicou o engenheiro e responsável pela disposição de resíduos da empresa, Kleber Rodrigues.

O lixo hospitalar de Mauá e Ribeirão Pires é destinado para incineração em outras empresas de Mauá e o de Diadema para uma empresa localizada em Santana do Parnaíba. São Bernardo não informou para onde vai o material.




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