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Lula está menos presidente e exalta o lado celebridade
Por Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
13/05/2011 | 07:16
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No processo de desencarnar da Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostra cada vez mais celebridade do que ex-chefe da Nação. Ontem, ao receber homenagem do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade que comemorou 52 anos, o petista ficou mais próximo da população. Com menos protocolo a ser seguido, menor prestígio junto à classe política, mas com a mesma popularidade de quando comandou o Palácio do Planalto.

Por seus oito anos de gestão em Brasília, Lula foi contemplado com o Prêmio João Ferrador, um personagem símbolo dos metalúrgicos. Já se passaram quatro meses e duas semanas que deixou a Capital Federal para voltar a morar em São Bernardo.

As reuniões com ministros e chefes de Estado já fazem parte do passado. As mesas de importantes eventos - dividia espaço com os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e França, Nicolas Sarkozy, por exemplo - já não são mais as mesmas com as mais variadas figuras de destaque mundial.

Ontem, o petista esteve ao lado do comandante do sindicato, Sérgio Nobre, do cantor Happin Hood, da educadora Maria Helena Negreiros, da coordenadora do Educafro Lucilia Lopes, o ativista por moradia Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, dentre outras personalidades de movimentos sociais.

Lula esteve à vontade. Estava em casa. Dali do sindicato ficou conhecido. Cantou Parabéns pra você e assoprou a velinha do bolo. A segurança afrouxada denunciava a fase mais relaxada, de ex-presidente. Assim como a maior atenção para o público. Tirou mais fotos do que o normal com populares. Aquela barreira física, com grades, já não existe mais. A separação implícita de uma autoridade para um súdito também não.

Sem o peso da faixa presidencial, o discurso mudou. Foi mais ameno. Mas nem tanto. Proferiu frases de efeito. Disse, por exemplo, que o prêmio recebido do sindicato era o seu Oscar. Foi aplaudido. Relembrou o passado e exaltou a democracia. "O João Ferrador é uma marca desse sindicato. Esse bonequinho falava coisas que não saiam da boca dos dirigentes sindicais. Tinha cara de bravo e hoje não precisa mais", salientou sobre a época de ditadura (1964 a 1985).

E como bom político que foi, é e será, não deixou de criticar os antecessores no governo federal. "Está em estudo um documentário sobre o tipo de pessoas que frequentaram o Planalto no meu mandato (2003 a 2010). Antes eram só banqueiros, presidentes... Comigo eles continuaram, mas também entraram representantes do hip hop, dos sem-teto, sem-casa, sem-nariz..."

E saiu com agradecimento aos trabalhadores: "Tudo o que eu fiz pela categoria é pouco diante do que vocês fizeram por mim no governo", finalisou, após nove minutos de discurso.




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