Uma boa caminhada, belíssimas paisagens, espécies nativas da Mata Atlântica e um pouco de história do final do século 19 e início do 20. Esses são os ingredientes que fazem do passeio no Caminhos do Mar Parque Ecológico, em São Bernardo, encantar tantas pessoas. São pouco mais de nove quilômetros a pé pela Estrada Velha de Santos, apreciando casas e monumentos da época do Brasil Império, sem falar da vista privilegiada do litoral paulista. Para quem mora em São Bernardo, ainda existe um motivo a mais para ir ao local: a partir desse mês, os moradores da cidade terão disponíveis 30 vagas por semana no disputado agendamento do passeio (que costuma demorar 30 dias).

Os preparativos começam com a reunião do grupo próximo à entrada do parque para uma sessão de alongamento. Braços, pernas, costas e pés são avisados de que o corpo vai encarar uma longa descida, que costuma durar de quatro a cinco horas (dependendo do ritmo do grupo). Na mochila, bastante água e lanches, já que o parque não possui comércios que vendam alimentos nem bebidas, e um saquinho plástico para recolher o próprio lixo. É bom usar roupas bem confortáveis e um tênis macio. Os pés são os mais castigados durante o trajeto. Também não esqueça de protetor solar, boné e uma boa blusa, se o dia estiver frio.

O passeio começa com uma pequena caminhada até a Casa do Visitante. A hospedaria construída em 1926 servia de hospedagem para quem visitava a Usina Henry Borden, em Cubatão. Após isso, a caminhada começa de verdade. Os passos são suaves e sem muita pressa, para que se possa contemplar o que resta da Mata Atlântica (7,4%).

Um pouco mais a frente está o Pouso Paranapiacaba. A casa é toda de pedras e foi feita em 1922, a mando do então presidente Washington Luís, com o intuito de comemorar os 100 anos de independência do país. Ela nunca pertenceu à marquesa de Santos, como muitos pensam, já que apenas servia de descanso para quem passava pelo trajeto. É um dos lugares com a vista mais bonita de todo o trajeto.

No local, o grupo fica sabendo um pouco mais sobre a história da Estrada Velha, contada por um dos guias – a maioria jovens. A estrada foi construída em 1846, pela necessidade de se ter uma ligação com a cidade de Santos – saída mais próxima do planalto paulista para o mar. Nessa época, ela ainda era de terra batida. Em 1913, ela foi pavimentada com pedras extraídas da Serra do Mar, e o calçamento ficou conhecido como Macadami. Só em 1925 ela foi concretada, tornando mais rápido o transporte de mercadorias pela via, o que antes levava cerca de 36 horas.

Continuando a caminhada, pode-se avistar as imensas adutoras e a Casa de Válvulas da usina Henry Borden. Daí é possível ver toda a cidade de Cubatão e o litoral paulista.

Com mais um quilômetro de caminhada chega-se ao ponto mais famoso da trilha: a Calçada do Lorena. Construída em 1792, a pedido do governador Bernardo José Maria de Lorena, a calçada – com cerca de cinco metros de largura – servia para escoar a produção de açúcar até Santos. A viagem chegava a durar 10 dias e era feita por tropas de mulas. Uma curiosidade: as mulheres eram carregadas em redes, pelos escravos, durante as expedições. A intenção era preservar as moças consideradas reprodutoras ou não atrasar a viagem – já que elas andavam muito devagar.

Quando acaba a calçada, uma bica com água potável faz a alegria de quem está andando há duas horas, principalmente em dias de calor. A próxima parada é no Rancho da Maioridade. A casa é de 1846 e recebeu esse nome por causa do Golpe da Maioridade, que colocou D. Pedro II no poder com apenas 15 anos. O destaque fica por conta de um painel de azulejaria pintado em azul – cor que indicava o sangue da nobreza – retratando as viagens das tropas pela estrada.

O grupo aproveita a sombra do rancho para fazer um lanche e retomar a caminhada, que neste ponto é mais íngreme e cheia de quedas d‘água. O próximo ponto turístico é o Portal Lorena, feito em homenagem ao governador que solicitou a construção da calçada. O passeio acaba quatro quilômetros depois, com a chegada ao Centro de Atendimento ao Imigrante. De lá, um microônibus sobe com os turistas pela estrada – o que leva 15 minutos – e deixa-os na entrada do parque, deslumbrados com a natureza ao lado de casa.

Rodovia SP 148 (antiga Estrada Velha de Santos),Km 42

Passeios de terça-feira a domingo, com saída das 8h às 10h. Grupos com no máximo 30 pessoas, saem com intervalos de 30 minutos. Inscrições pelos telefones (13) 3372-4114/3372-3307. Moradores de São Bernardo têm prioridade.

Taxa de acesso: R$ 3

Excursões de escolas estaduais não pagam a taxa de acesso.

Estacionamento gratuito