Setecidades Titulo Memória
Um passeio pelo rádio. E as vozes que fizeram história

Hoje a página é toda do jornalista e radialista Milton Parron, premiadíssimo, dono de um acervo sonoro e de uma memória própria fantásticos, a quem a história paulista, brasileira e internacional tanto deve

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
17/07/2021 | 07:00
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E com vocês, Nhô Totico

Texto: Milton Parron

Cornélio Pires, Silvino Neto, Vital Fernandes da Silva, Batista Júnior tinham em comum o fato de que trabalhavam no rádio e faziam o chamado humor crítico.
Outra semelhança é que todos viveram a plenitude de suas carreiras entre as décadas de 20 e 50 e não foram poucas as vezes em que a ditadura Vargas (1937-1945 – vigência do Estado Novo) causou problemas a todos eles.
Vital, por exemplo, foi intimado a prestar esclarecimentos à polícia repressora de Getúlio Vargas porque em um de seus programas, na Rádio Mayrink Veiga, um dos personagens pergunta a um agricultor por que os tomates de sua lavoura eram tão grandes e vermelhos e a resposta foi que o rádio ficava ligado a todo volume no comecinho da noite obrigando os tomateiros a ouvirem a Hora do Brasil.
Vital vai ser um dos personagens do programa Memória deste fim de semana.
No rádio ele se tornou conhecido pelo apelido, Nhô Totico, que faleceu em 1996 em São Paulo, aos 93 anos.
A entrevista que vai ao ar foi realizada por mim em 1982. Também serão destaques no program Pagano Sobrinho e Renato Murce.
EM PAUTA. Rádio Bandeirantes AM (840) e FM (90,9) – O humor crítico no rádio. Produção e apresentação: Milton Parron. Hoje, às 22h, ou após o futebol, com reprise domingo às 7h e durante madrugadas da semana.

NOTA DA ‘MEMÓRIA’
A sinopse do programa Memória de hoje do Milton Parron fez lembrar uma passagem de Nhô Totico que teve com palco a Vila de São Bernardo.

NHÔ TOTICO DIZIA:
– Você vai a Santos? Dê uma parada na capelinha da Boa Viagem, e peça proteção. Depois, atravesse a rua e tome um café no bar do Maurillo, “à Rua Marechal Deodoro, 176, em frente à Matriz”.
A capelinha, que ainda existe, é a da Matriz de São Bernardo. E o bar de Maurillo Vieira Ormonde há décadas foi fechado. Nos dias de hoje, Nhô Totico estaria fazendo o mais puro merchandising, termo não comum naqueles tempos do humorista do rádio, primeira metade da do século XX.
Ao comentarmos esta passagem com Milton Parron, semana passada, recebemos em resposta uma verdadeira aula de história da radiofonia, que dividimos gostosamente com você, leitor, amante de memória e das coisas do rádio.

Chega o Ranchinho. E Randal Juliano leva um grande susto

Texto: Milton Parron

Você sabe que eu tenho um orgulho danado de ter “ressuscitado” dois nomes importantíssimos do rádio que estavam totalmente esquecidos. Um deles o Nhô Totico.

Certo dia me telefonou uma moça, em razão de uma denúncia que eu tinha feito pelos microfones da Jovem Pan, por volta de 1973, 74, por aí, sobre os golpes do seguro obrigatório e ela tinha sido uma das vítimas das quadrilhas organizadas que recebiam os seguros devidos aos familiares de mortos em acidentes no trânsito. Ela me disse que a pessoa que a tinha orientado para me contatar foi o “seo” Vital Fernandes, conhecido por Nhô Totico, de quem eu muito ouvira falar nos meus tempos de menino. 
Pedi a ela que me desse o telefone dele e acabei fazendo várias entrevistas com Nhô Totico em sua casa, na Rua Edson no Campo Belo. 
Era quase uma chacrinha, tamanha a extensão do terreno, todo gramado e arborizado com frutíferas.
Lá ele residia há 50 anos, nos tempos em que a região ainda não tinha sido tão urbanizada.  
A partir das entrevistas que fiz com ele, Nhô Totico foi parar novamente nos jornais, emissoras de TV e de rádio. 
O mesmo ocorreu com Diésis dos Anjos Gaia, o Ranchinho, da dupla Alvarenga e Ranchinho, que me foi apresentado por Odárcio Oliveira Ducci, então presidente do Ilha Porchat Clube, onde a gente mantinha o posto comando das coberturas da Jovem Pan no chamado projeto Verão.  
Um dia o Odárcio me levou o Ranchinho me perguntando se eu o conhecia. Pessoalmente não, mas quando me disse quem era, me emocionei.
Quando menino, levado por minha mãe, que ia pagar as contas do mês no Centro da cidade, a gente morava na Vila Bertioga, ela invariavelmente ia ao auditório da Rádio Record, na Rua Quintino Bocaiuva, para assistir na hora do almoço o programa daquela dupla com animação do Randal Juliano. 
Você é capaz de imaginar minha emoção quando, naquela tarde, em que o Ranchinho me foi apresentado, eu o coloquei no ar ao vivo no programa São Paulo Agora, que era apresentado justamente pelo Randal Juliano?  
Não disse quem era meu entrevistado, iniciei minha participação comentando com o Randal sobre os antigos programas que ele tinha apresentado na Rádio Record, um deles Os Milionários do Riso.
E fechei a conversa perguntando ao Randal como é que ele apresentava os dois ‘caipiras’ e ele, à queima-roupa:
– Aí vem, com seu humor, sua alegria e suas músicas contagiantes, os milionários do riso, Alvarenga e Ranchinho.
E, ao meu lado, quem entrou respondendo ao refrão foi o próprio Ranchinho:
– Êêê. Boa tarde, boa tarde, amigo Randarrr... Boa tarde minha gente. 
O Randal quase desmaia de susto. Nem em sonho ele imaginava que o Ranchinho ainda estivesse vivo.  
Quinze dias mais tarde, o Nilton Travesso, que era um dos diretores do núcleo artístico da TV Globo, me pediu o contato e levou o Ranchinho ao programa dominical que era apresentado pelo Rolando Boldrin, Som Brasil.
Foi tão grande o sucesso, que o Ranchinho passou a ser peça fixa do programa durante muito tempo.  
Caramba, Ademir, a minha estrada foi muito mais gratificante do que eu merecia.
Abraços, irmão.

Diário há meio século

Quinta-feira, 17 de julho de 1971 – ano 13, edição 1589
Política – O vereador Acylino Belissomi, de Santo André, troca o MDB pela Arena.

Municípios Brasileiros

-Aniversariantes do dia 17 de julho: Bagé e Dona Francisca (Rio Grande do Sul); Baixa Grande, Ibiassucê e Itaquara (Bahia); Cuité (Paraíba); Monção (Maranhão); Sabará (Minas Gerais) e Volta Redonda (Rio de Janeiro).

Santos do Dia

- Padre Inácio de Azevedo e 39 outros padres jesuítas são martirizados por piratas franceses quando se dirigiam ao Brasil em 1570: venerados como os Quarenta Mártires do Brasil
- Marcelina
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- Bartolomeu de Las Casas
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Hoje

- Dia da Proteção das Florestas 




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