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Fiéis do Capuava perdem Capela São José Operário

Decisão foi tomada pela Diocese baseada no baixo número de pessoas que frequentavam a paróquia em Mauá

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
12/03/2021 | 00:01
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DGABC


Por mais de 55 anos a Capela São José Operário, no bairro Capuava, em Mauá, reuniu centenas de histórias e fiéis em suas celebrações. Porém, devido à industrialização que tomou conta daquela região e com a saída de famílias da comunidade, o local perdeu participação popular e logo a dificuldade financeira apareceu. Diante disso, no início do mês passado o terreno público de mais de 2.000 metros quadrados foi desocupado pela Diocese de Santo André e entregue à Prefeitura da cidade. 

Além dos problemas com a falta de recursos, até sem condições em obter AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e alvará de funcionamento, a segurança da capela também estava precária e o local foi vítima de furtos consecutivos em 2019, contabilizando 17 invasões em uma semana. Fato que foi levado em consideração para a entrega do espaço.

Segundo o padre William Mariotto, atual pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, nos bons tempos a São José Operário atraia cerca de 800 famílias, mas o público foi minguando à medida em que o bairro ia se transformando em polo industrial. “Infelizmente não existe nenhum culpado do fechamento da capela. Não estava mais em nosso alcance nem da Prefeitura, que cedeu o terreno durante todos esses anos”, detalha. 

A última concessão de uso do terreno foi solicitada à administração em 2015 por parte da Diocese, período em que Donisete Braga (à época no PT) era prefeito. O processo ficou em andamento até que, em 2019, com o prefeito Atila Jacomussi (PSB), o pedido foi negado. Em 25 de janeiro deste ano, já na gestão do atual prefeito Marcelo Oliveira (PT), por decreto do bispo diocesano, dom Pedro Carlos Cipollini, a capela não foi mais reconhecida como templo da Igreja Católica Apostólica Romana, tendo sua devolução no mês seguinte.  

O pároco William Mariotto ressalta que as poucas famílias que participavam das celebrações na antiga capela podem optar pela Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, situada a 500 metros distante. “São atividades de muitos anos que vão ficar na história do bairro. Pelo lado emotivo é muito triste, mas não tínhamos condições de manter o espaço”, lamenta Mariotto. Segundo a Diocese, no geral, os encontros na capela atraiam cerca de 20 pessoas em dias de maior concentração. “As circunstâncias de todo tempo, com a chegada de muitas empresas na região, nos levou a essa decisão da desativação da capela”, explicou Mariotto. 

Ainda de acordo com o pároco, a Diocese procurou o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) de Mauá, que chegou a analisar o imóvel, porém, a capela já tinha perdido a originalidade devido a reformas ao longo dos anos, não sendo possível o tombamento. 

A capela funcionou até o decreto do dia 25 de janeiro. Em março de 2020, antes da pandemia, as celebrações aconteciam aos domingos, às 9h30. Devido à crise sanitária, entre março e junho do ano passado ficou fechada e, a partir da flexibilização da quarentena, as celebrações aconteceram aos sábados, somente às 19h30. Segundo a Diocese, a comunidade foi informada da decisão em novembro do ano passado. 

Questionada, a Prefeitura de Mauá não informou o motivo pelo qual o processo de concessão da área demorou para acontecer. Apenas explicou que foi por decisão da Diocese devolver a área e que, por enquanto, a administração não possui planos para a utilização do local.  




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