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Concessionárias optam por suspensão para evitar cortes

Cerca de 1.250 trabalhadores do setor estão em casa durante quarentena; medida é ante demissão

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
26/04/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Comprar itens de alto valor agregado não está na lista de prioridades dos consumidores brasileiros. Com o novo coronavírus, assim como muitos segmentos da economia, as lojas de comércio de veículos amargam prejuízos e tentam driblar a onda de demissões para não agravar ainda mais a situação. Assim tem sido feito nas concessionárias e revendedoras de veículos no Grande ABC.

Os desligamentos não foram feitos em massa ainda, e as empresas estão optando pela suspensão de contrato, em sua maioria, conforme conta o diretor do Sindicato dos Comerciários do Grande ABC, Jonas José dos Santos.

Ao todo são cerca de 30 concessionárias na região, que empregam 2.500 trabalhadores diretos e mais 500 indiretos (funcionários da limpeza e de lavagem de carros, por exemplo). “A estimativa é a de que 50% desse total de funcionários diretos (1.250) estejam com suspensão de trabalho. Mas o número oficial ainda não temos, porque são muitas as concessionárias que ainda estão formalizando a alternativa, outras estão em contato com o sindicato para saber como proceder nesse caso. Os empresários então tentando a todo custo manter essas mãos de obras, por meio também da redução de salários e jornada.”

O dirigente sindical questiona na sequência: “Como que lucra, movimenta o fluxo de caixa e paga os funcionários com as portas das lojas fechadas?”

Diretor da rede Vigorito na região, com cinco unidades entre Santo André, São Bernardo e Mauá, Hermes Schincariol Junior comentou que, dos 250 funcionários diretos dessas lojas, 30 foram desligados e os demais estão com os contratos de trabalho suspensos. “O setor automotivo já vinha amargando prejuízos nos últimos cinco anos. E agora, com a pandemia, na região, a rede acumulou deficit de R$ 6 milhões entre março e abril, porque, além das vendas não efetuadas, continuamos honrando com os benefícios dos funcionários, aluguéis, impostos”, exemplificou.

Schincariol Junior revelou que apenas duas oficinas estão abertas, voltadas ao conserto de veículos – mesmo assim, os atendimentos caíram 70%, já que a ordem é ficar em casa neste momento para evitar a disseminação da Covid-19. “Além disso, no quesito venda de carros, a única possibilidade para aqueles que querem trocar de veículo são as compras on-line, mas elas também caíram cerca de 90%. As pessoas pesquisam os carros na internet, mas ainda querem ver pessoalmente e testar. Além disso, as famílias estão contendo gastos e comprando o necessário. O carro não entra na lista.”

Ainda de acordo com o diretor da rede Vigorito, após o fim da quarentena e a reabertura do comércio de forma gradativa – cuja expectativa seja após dia 10 de maio, conforme informou o governador João Doria (PSDB) –, a estimativa é a de que as montadoras retomem as vendas entre três e seis meses, com promoções e ofertas atrativas.

“A ideia é voltar a vendar como em janeiro e fevereiro, quando uma de nossas lojas em Santo André vendeu 160 veículos. Um volume razoável para a retomada econômica. Essa mesma loja vendeu no mesmo período em 2013, quando o mercado estava aquecido, 350 carros. É apenas um exemplo para mostrarmos como estamos longe de um cenário aquecido”, comparou. “A verdade é que essa pandemia pegou a todos de surpresa e não deu tempo de ninguém elaborar um plano B.”  




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