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Donas-de-casa do Grande ABC exportam criatividade
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
08/02/2003 | 18:20
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Colares produzidos com sementes e outras partes de plantas nativas da Mata Atlântica – cobertura vegetal característica do pouco verde que sobrou no Grande ABC – garantem um trocado a mais a moradoras de Rio Grande da Serra e fazem sucesso em lojas da Itália. A produção dos adereços, iniciada no ano passado, fica a cargo de cerca de 20 mulheres, coordenadas pela Secretaria de Cidadania e Ação Social da Prefeitura. Em janeiro, as mulheres de Rio Grande exportaram 2,8 mil peças para a Itália.

Agora é a vez de lojas especializadas nesse tipo de produto – adereços produzidos em países tropicais – da Inglaterra se interessarem pelo material que é feito na cidade do Grande ABC. “Um representante dessas lojas da Inglaterra demonstrou interesse e é possível que os colares sejam vendidos por lá também”, disse o secretário de Cidadania e Ação Social da cidade, Alex Zitei.

As trabalhadoras utilizam como matéria-prima vagens de sementes e sementes inteiras de plantas que existem em abundância no cinturão verde de Rio Grande da Serra – como uma espécie conhecida popularmente como rosário e outra como olho de água.

O trabalho – a custo praticamente zero, uma vez que o único material comprado são os cordões que compõem os colares – envolve a furação e a pintura das sementes e outros materiais utilizados em colares e pulseiras (outro produto das artesãs de Rio Grande) como cascas de banana e feijões.

“A produção de um colar como esse demora cerca de uma semana para fazer – incluindo a retirada das sementes e o trabalho de furar e pintar”, disse a diretora da secretaria, Ana Elisa Lins.

Para produzir os colares, as artesãs passam por um curso na Escola Profissionalizante Manacá. A partir deste ano, a Prefeitura irá disponibilizar um espaço para a confecção dos colares, na região central de Rio Grande da Serra. Até agora, elas contam com uma oficina na própria escola para fazer os colares.

De acordo com o secretário Zitei, o interesse estrangeiro na produção riograndense (algo provavelmente inédito sob qualquer prisma) surgiu da participação dos colares produzidos em feiras de artesanato organizadas na capital. “Um empresário que trabalha com exportação desse tipo de produto para a Itália gostou das peças e decidiu vender essas de Rio Grande para a Itália também”, disse.

A renda obtida com o trabalho artesanal não é muita, girando em torno de um salário mínimo, mas faz diferença na vida das mulheres, como no caso de Adriana de Araújo, 18 anos.

Além de ensinar as mulheres a fazer os colares, a Prefeitura dá noções de empreendedorismo e estimula as mulheres a se organizar em cooperativas, como acontece com os outros cursos ministrados na escola.




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