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Morre o vocalista e líder do 'The Clash'
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
23/12/2002 | 18:32
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Joe Strummer Houve uma trindade em meados dos anos 70 que provocou uma revolução de comportamento movida a atitude e conteúdo. A atitude anárquica vinha das bandas norte-americana Ramones e inglesa Sex Pistols; já o conteúdo esquerdista foi responsabilidade da The Clash, também inglesa. Domingo, morreu um dos artesãos do punk rock, o vocalista e guitarrista Joe Strummer, aos 50 anos, vítima de ataque cardíaco, em sua casa em Somerset, sudoeste da Inglaterra.

Entre suas composições estão White Riot, London Calling e Should I Stay or Should I Go. "The Clash foi a maior banda de rock, eles apontaram o caminho para o U2”, disse Bono Vox. Strummer trabalhou recentemente com Bono e Dave Stuart, do Eurythmics, em uma canção em homenagem ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. A canção chama-se 48864, número de Mandela na prisão e será executada no dia 2 de fevereiro, num concerto beneficente para as vítimas da Aids, em Robben Island, local onde Mandela ficou preso.

O Clash se dissolveu por problemas internos em 1986. Três anos antes, Strummer expulsou o guitarrista Mick Jones, com quem havia fundado o grupo em 1977. Nos anos 90, surgiram rumores de que eles poderiam se juntar novamente. Reunião impossível com a morte de Strummer, que deixará a banda incompleta também na cerimônia de inclusão do Clash no Rock and Roll Hall of Fame, no dia 10 de março, nos Estados Unidos.

The Clash era apelidado de “única banda que importava”. Entre as jaquetas de couro e acordes básicos do Ramones e o som visceral e visual agressivo do Pistols, The Clash foi vital para o punk rock, e ao mesmo tempo mostrou a saída para o pós-punk. Ou seja, sabiam fazer música e contestação. Neste quesito, pesava a bagagem de Joe Strummer, filiado ao Partido Comunista inglês.

Strummer era pseudônimo. Nascido John Graham Mellor em 21 de agosto de 1952, na Turquia, filho de um diplomata britânico, sempre foi fascinado por guitarra e sonoridades. Em 1976, assistiu a um show dos Sex Pistols, deixou sua banda 101ers e juntou-se ao guitarrista e vocalista Mick Jones na London SS, rebatizada The Clash. Com eles, Keith Lavene (guitarrista), Paul Simonon (baixista) e Terry Chimes (baterista). Chimes foi substituído por Topper Headon antes da gravação do primeiro álbum, The Clash (1977), e retornou à banda em 1981. O grupo começou abrindo shows dos Pistols enquanto fechava contrato com a gravadora CBS (hoje, Sony Music).

Um filho da burguesia juntando-se a operários em uma banda punk que fecha contrato com uma gravadora major não era o cenário ideal pregado pelo punk. As críticas de que eles haviam se vendido ao capitalismo foram rebatidas com o disco de estréia, sucesso a preço quase de custo, mostrando que dinheiro não era o que importava. Seus shows de protesto contra o racismo e socialmente engajados quase sempre terminavam em prisões de membros da banda.

Com o fim oficial do Clash em 1986, Strummer trabalhou solo (Earthquaker Weather, em 1989) e vivia de direitos autorais e trilhas de filmes. Em 1999, estreou em seu novo grupo, The Mescaleros, lançando os álbuns Rock Art and the X-Ray Style (2000) e Global a Go-go (2001). Strummer trabalhava no terceiro álbum da banda antes de morrer.




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