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Bagdá nega laços com Al Qaeda e devolve acusação aos EUA
Por Da AFP
30/01/2003 | 10:44
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O Iraque negou qualquer vínculo com Al Qaeda, lembrando suas diferenças ideológicas, e devolveu a acusação, dizendo que o Washington é o padrinho do antigo regime dos talibãs no Afeganistão.

"Desafiamos (o presidente americano George W.) Bush e seu governo a apresentarem uma prova sequer. O mundo inteiro sabe que o Iraque não tem nenhum vínculo com Al Qaeda", declarou o primeiro-ministro Tarek Aziz.

O ministro da Cultura, Hamad Yussef Hammadi, assinalou por sua parte: "Não temos nada que ver com os talibãs que chegaram ao poder no Afeganistão em 1996 com a ajuda do Governo dos Estados Unidos".

O ministro destacou que seu país jamais reconheceu o governo talibã, não abriu embaixada em Cabul sob seu regime e que não tinha nada em comum com ele.

De acordo com vários livros ocidentais, Osama Bin Laden estava vinculado com a CIA durante a guerra do Afeganistão contra os soviéticos, enquanto os Estados Unidos acolheram favoravelmente a chegada ao poder dos talibãs em Cabul.

Durante a invasão iraquiana do Kuwait em 1990, Bin Laden apoiou o emirado e propôs aos dirigentes sauditas recrutar 5 mil mudjahedines ainda presentes no Afeganistão para lutar contra o Iraque. Mas Riad chamou as tropas norte-americanas.

Mais ainda: alguns portais na internet ligados à Al Qaeda sempre criticaram o povo iraquiano e seu regime, qualificado de "infiel".

"Para os islamitas, o regime iraquiano representa a expressão extrema de sua rejeição. Consideram-no totalmente ilegítimo e seu inimigo absoluto", segundo afirmou recentemente um dos mais notáveis especialistas franceses em islamismo, François Burgat.

Bush afirmou em seu discurso sobre o estado da União que tem "provas de que Saddam Hussein ajuda e protege terroristas, incluindo membros de Al-Qaeda".

Muitos especialistas se mostram céticos. "Verdadeiramente, não há nada em comum entre Saddam Hussein e Ossama bin Laden", estimou William Hopkinson, investigador associado do Royal Institute of International Affairs de Londres.

"Não acredito em absoluto que o dirigente iraquiano, um laico, embora nos últimos tempos tenha aumentado os gastos em favor do islamismo, forneça armas aos islamitas, que têm por objetivo derrubá-lo", acrescentou.




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