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Emissora exibe, com cortes, vídeo de execução de jornalista
Por Do Diário OnLine
Com Agências
15/05/2002 | 14:54
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A rede de TV CBS exibiu na noite desta terça-feira um vídeo mostrando os momentos que antecederam a execução do jornalista americano Daniel Pearl, seqüestrado e morto no Paquistão no início deste ano.

O vídeo começa com Pearl dando aos seqüestradores uma breve descrição de suas origens: "Meu pai é judeu. Minha mãe é judia. Eu sou judeu", diz ele. Em seguida, recita uma declaração anti-americana aparentemente escrita pelos seqüestradores: "Nós, os americanos, não podemos continuar suportando as conseqüências das ações do nosso governo, como o apoio incondicional dado ao Estado de Israel."

A cena mistura imagens jornalísticas das operações de Israel contra os palestinos em Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

De acordo com a CBS, o vídeo, claramente realizado com objetivos de propaganda, termina com a execução de Pearl, mas estas imagens não foram exibidas.

"Somente após uma grande discussão, a CBS News decidiu divulgar parte deste vídeo", afirmou o editor Dan Rather, por meio de um comunicado. "Acreditamos ser importante que os americanos o assistam e compreendam a guerra travada contra os Estados Unidos e seus aliados, e também seu efeito entre os jovens do mundo árabe", assinalou.

A fita - "A Execução do Jornalista Espião, o Judeu Daniel Pearl" - apareceu pela primeira vez em um site saudita, e depois começou a ser divulgada na Internet, segundo o comunicado.

Pearl, que trabalhava para o "The Wall Street Journal", foi seqüestrado em Karachi, Sul do Paquistão, em 23 de janeiro, enquanto tentava conseguir uma entrevista com um militante islâmico paquistanês. Sua morte foi anunciada em 22 de fevereiro.

Repercussão- Os familiares de Pearl expressaram sua decepção com a decisão da CBS de exibir o vídeo. “Os terroristas fizeram este vídeo confiando que a mídia americana o exibiria e, em conseqüência, servisse a seus fins. Exibindo este vídeo, a CBS ou qualquer outro meio que o fizer, provará que caíram sem nenhuma vergonha nos planos terroristas”, afirma o comunicado da família.

“Esperávamos que nenhum trecho deste vídeo viesse jamais a publico e tentamos apelar para a integridade jornalística da CBS para que não o exibisse até que o colocaram no ar”, informa o comunicado. “Exortamos a todas as cadeias e meios informativos que mostrem responsabilidade e não ajudem os terroristas difundindo sua mensagem de ódio e morte”, conclui o documento, enviado para os maiores órgãos de comunicação dos EUA.

A esposa de Pearl chegou a pedir a intervenção do Departamento de Estado dos EUA no caso. Um funcionário do governo disse que muitos apelaram para que a emissora não exibisse as imagens, mas foram ignorados. “Isto foi uma falta de respeito com a família”, declarou uma autoridade que não quis se identificar.

O Wall Street Journal expressou, por sua parte, suas dúvida sobre a validade de exibir o vídeo. “The Wall Street Journal deixou claro à CBS ontem (terça-feira) que não se conseguiria nada de positivo exibindo partes do vídeo e essa continua sendo nossa opinião”, afirmou Steven Goldstein, vice-presidente da empresa proprietária do jornal, a Dow Jones and Company.

Várias cadeias de televisão norte-americanas, inclusive a CNN, assinalaram nas últimas semanas que têm cópias do vídeo, mas não a exibiram devido à violência de seu conteúdo.




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