Capaz de identificar um violino desafinado em uma numerosa orquestra, e de farejar artistas que tenham apelo popular, o produtor Mazzola tornou-se referência no mercado fonográfico. Depois de quatro décadas de carreira, resolveu contar sua história na recém-lançada autobiografia Ouvindo Estrelas (Planeta do Brasil, 288 págs., R$ 32, em média).

O livro narra sua trajetória pessoal e profissional, desde a infância pobre no Rio de Janeiro, até a consagração na indústria musical. Em seu currículo, Mazzola traz produções de artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Banda Eva, Gal Costa e Ney Matogrosso.

No início dos anos 1990, ele criou o selo MZA Music, que lançou cantores como Chico César, Zeca Baleiro e Rita Ribeiro.

Raul Seixas - Em sua extensa lista de parceiros profissionais, Mazzola reserva um lugar especial ao cantor e compositor Raul Seixas. “Quando conheci o Raul, ele era o cara mais centrado do mundo. Trabalhava em uma gravadora e era pai de família. Fez uma parceria com o Paulo Coelho, que era um riponga, e foi acreditando nas loucuras dele. Anos mais tarde, o Raul se transformou em doidão e o Paulo Coelho num tremendo careta”, afirma Mazzola.

Ainda segundo o produtor, que disse ter ajudado o compositor baiano a comprar seu primeiro apartamento, “era muito doloroso ver um cara tão talentoso se destruindo daquela maneira”.

RPM - Mazzola , que já foi chamado de “o quinto RPM”, também conta detalhes de sua relação com o grupo. “Em Los Angeles, quando fomos mixar o disco Rádio Pirata Ao Vivo, eles ficavam andando na Melrose Avenue. Estavam muito loucos e acenavam para todo mundo, achando que eram os Beatles. Teve um dia em que o Paulo Ricardo veio conversar comigo e disse que ia chamar o Herbert Vianna para o RPM. Era uma loucura”.