Domenico Lancellotti pode não ser o nome mais conhecido das capas de discos, mas com certeza o músico de 38 anos tem história dentro do cenário musical brasileiro. Para quem não sabe, Domenico era o baterista da Mulheres q Dizem Sim, influente banda carioca na ativa durante os anos 1990. Depois, esteve envolvido com a Orquestra Imperial, com a variação sonora do trio +2 e seguiu turnê com a cantora Adriana Calcanhotto, além de participar de projetos de outros artistas.

O primeiro CD solo do músico, 'Cine Privê' (Selo Coqueiro Verde, preço sob consulta), tem produção primorosa, colocando à frente a bateria, teclados e efeitos paranoicos numa faixa que, a princípio, passa a impressão de ser ‘calminha'. Domenico canta submerso pelo instrumental.

O álbum, que faz referência ao cinema, deixa a ligação entre a sétima arte e música mais clara ao se ouvir o disco, sendo que as faixas vão se conectando como trechos do roteiro de um mesmo filme. "É uma relação antiga, mesmo quando o cinema era mudo havia música tocada ao piano nas sessões. A música serve como suporte de emoção à cena e liga diretamente a imagem ao sistema nervoso", explica Domenico.

O músico se inspira em imagens e paisagens para compor e conta que o cinema está presente também no tratamento sonoro das músicas. "As composições vieram naturalmente, enquanto estava sozinho ou em parceria. A sonoridade de cada canção passa um tipo de emoção, tal como o cinema."

As referências musicais de Domenico são muitas e começaram na infância, já que ele é filho do compositor Ivor Lancellotti, que já foi gravado por nomes como João Nogueira, Beth Carvalho, Roberto Carlos e Angela Maria.

"Acho que faço MPB pela minha trajetória musical. Mas estou aberto a qualquer estilo. Tenho muita ligação com os ritmos nacionais por causa do meu pai. Ele não gostava que a gente ouvisse rock. Talvez acreditasse que fosse uma negação da música brasileira", diz.