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Tripulantes de navio maltês são absolvidos
14/11/2012 | 03:33
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Após 48 horas de julgamento no Tribunal do Júri do Fórum Estadual em Paranaguá (PR), presidido pelo juiz federal Vicente Ataíde, os cinco tripulantes (quatro turcos e um georgiano) do navio maltês Seref Kuru, acusados de tentativa de homicídio contra o clandestino camaronês Wilfred Happy Ondobo foram absolvidos por "ausência de materialidade" na noite de terça-feira. Além disso, o marinheiro Orhan Satilmis, acusado de tortura e racismo, também foi inocentado.

 

Com a decisão, Satilmis, Ramazan Ozdamar, Zafer Yildirim e Ihsan Sonmezocak, (turcos) e Mamuka Kirkitadze, da Geórgia, receberam seus passaportes e devem partir do país nesta semana, após ficarem quatro meses sob liberdade vigiada. Já Ondobo deverá ser deportado tão logo a Embaixada de Camarões faça os procedimentos burocráticos. Segundo o advogado de defesa Giordano Vilarinho Reinert, a decisão foi a mais justa para os marinheiros e suas famílias. Desde que foi resgatado pelo navio chileno Marina R, Ondobo chegou a contar quatro versões diferentes sobre a forma com caiu ao mar.

 

Em um momento contou que foi jogado pelos tripulantes, depois disse que era um pescador à deriva, posteriormente alegou que teria descido por uma corda e por último, conforme depoimento no tribunal, disse que havia descido por uma corda. Com relação à tortura, Giordano alegou que Ondobo não apresentava sinais de violência quando foi resgatado e a tese também foi aceita por representantes do Ministério Público, além dos jurados. Além disso, Ondobo alegou não lembrar dos termos racistas com os quais foi xingado. Contra Ondobo, porém, pesou o fato de esta ter sido a sexta vez que ele é flagrado como clandestino.

 

Ele já foi retirado de navios na Argentina, Holanda, Colômbia e mais três países africanos. A hipótese de que ele teria sido arremessado em alto mar, também foi contestada. "Há um laudo da Capitania dos Portos que indica que o local onde ele foi encontrado é considerado como área de navegação costeira, ou seja, bem mais próximo da costa do que a distância que ele alegou ter sido jogado", afirmou.

 

O caso teve início no final de junho, quando Ondobo denunciou à Polícia Federal que havia sido jogado em alto mar (15 quilômetros da costa) pela tripulação do navio, que lhe deu 150 euros e um tablado de madeira com boias para flutuar. Os 19 tripulantes foram colocados sob liberdade vigiada e no início de agosto 13 foram liberados. Contra eles pesavam as acusações de tortura, racismo e tentativa de homicídio, haja vista que o camaronês alegava ter sido confinado por alguns dias antes de ser jogado ao mar. Ondobo embarcou no dia 16 de junho no Porto de Douala, em Camarões.

 

Ele contou que após o oitavo dia, quando acabou sua comida e água saiu do esconderijo e em seguida passou a sofrer diversos tipos de violência. O julgamento, o primeiro dessa natureza em Paranaguá, colocou fim às dúvidas. Entrevistado pela reportagem de O Estado de São Paulo, Ondobo mostrou-se arredio e irritado ao ser questionado sobre seu passado de clandestino profissional. "Não falo sobre isso", se limitou a dizer.




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