Política Titulo Mauá
Donisete e Vanessa
no ataque em debate

Em debate, petista critica gestão Damo e peemedebista liga
rival a assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel

Mark Ribeiro
Rogério Santos
25/10/2012 | 07:00
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O debate organizado ontem pelo Diário com os candidatos a prefeito de Mauá foi marcado pelo chumbo trocado entre Donisete Braga (PT) e Vanessa Damo (PMDB). Enquanto o petista mais uma vez ligou a adversária ao governo mal avaliado do ex-prefeito Leonel Damo (pai da prefeiturável), a peemedebista atrelou o rival ao assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), ocorrido em 2002.

As afirmações são parte da estratégia traçada por Vanessa Damo após terminar o primeiro turno em segundo lugar. Com o resultado das urnas, passou a encabeçar discurso mais crítico ao adversário, em tentativa de reverter o quadro e vencer o segundo turno, que será realizado no domingo.

A prefeiturável mencionou o caso Celso Daniel cinco vezes durante o confronto. Donisete, que também disparou contra a rival, pedia debate de propostas, mas não respondia sobre o assunto. Em três de suas perguntas - entre as quais os projetos da oponente para gerar empregos e para o saneamento básico, e se ela apresentaria modelo de gestão igual ao de Leonel Damo - o petista foi recepcionado com o seguinte questionamento de Vanessa: "O que quero saber é qual a sua relação com o assassinato do Celso Daniel."

A peemedebista já havia sugerido a participação de Donisete Braga no episódio em discursos e em material de campanha, citando investigação do Ministério Público à época do assassinato.

O petista acionou a Justiça e obteve liminar ontem que proíbe a adversária de divulgar "qualquer propaganda" que o vincule à morte de Celso Daniel. Em caso de desobediência, a peemedebista terá de pagar R$ 500 mil.

No entanto, pelo despacho da Justiça, a medida não surte efeito no debate, já que proíbe apenas a abordagem do assunto em propaganda por parte da coligação encabeçada pelo PMDB. Assim, citações do assunto em entrevistas e encontros para discussão de propostas estariam liberadas. Além da ofensiva, a candidata se colocou como vítima de "rede de boataria", que, segundo ela, confeccionou "122 materiais difamatórios".

Donisete reclamou da postura da concorrente. "Pergunto sobre geração de emprego e ela responde isso (caso Celso Daniel). Assim como no debate do primeiro turno, parece estar com tudo decoradinho. Deve ser a mando da agência de publicidade que ela contratou para a campanha, acostumada a tentar preparar despreparados", criticou Donisete.

O petista só falou sobre o tema no último bloco, destinado às considerações finais. "O Ministério Público constatou o equívoco e pediu o arquivamento da denúncia que ele próprio fez (de sua suposta relação com o caso). E o TJ (Tribunal de Justiça), por 25 votos a zero, referendou o arquivamento (em 2005)", recordou o petista.

CLIMA QUENTE
O resgate da morte de Celso Daniel foi apenas um dos casos polêmicos levantados no debate, que registrou 14 pedidos de direito de resposta (dez de Donisete Braga e quatro de Vanessa Damo). Apenas um foi concedido, a favor do petista, chamado pela adversária de "personificação da mentira".

O prefeiturável atacou o governo Leonel Damo (2005 a 2008), o qual considerou ter colocado em prática apenas dois projetos positivos: o café da manhã comunitário no terminal rodoviário do Centro e a feira livre noturna da Avenida Portugal.

Donisete voltou a criticar o contrato de R$ 79 milhões firmado por Damo em 2008 com o Instituto Sorrindo para a Vida. A ONG, que prestou serviço na Saúde, declarou endereço à Receita Federal onde funcionava um sex-shop, na Capital. "Que escândalo, candidata. Contrataram ‘o sorrindo para morte'", batizou, ironicamente, afirmando que a adversária "não tem moral" para falar da Saúde do município, já que foi vereadora e deu sustentação ao governo do pai.

Já Vanessa fez duras críticas à administração de Oswaldo Dias (PT), que também tem baixos índices de aprovação, chamado pela parlamentar de "padrinho" de Donisete.

 

Candidatos se apegam a escândalos e prisões

Escândalos dos governos Oswaldo Dias (PT) e Leonel Damo (PMDB) serviram como munição para Donisete Braga (PT) e Vanessa Damo (PMDB) no debate do Diário. Ambos se apegaram a prisões para desqualificar o modelo de gestão adversário.

A primeira a mencionar um fato policial protagonizado por administrações passadas foi Vanessa. A peemedebista lembrou a condenação por peculato de Valdirene Dardin, secretária de Finanças durante o segundo governo de Oswaldo (2001 a 2004).

Em várias ocasiões, a peemedebista rotulou o prefeito como "padrinho político" do rival. "O que sabemos é que a secretária do seu padrinho levou o dinheiro embora e foi presa. Isso é grave", discorreu a peemedebista. Valdirene sacou R$ 230 mil dos cofres municipais ilegalmente.

Vanessa também atacou lote de licitação para a compra de medicamentos vencido em agosto pela Tecsau. A empresa é ligada a Ailton Teixeira, que admitiu colaborar com a campanha do PT. Na resposta, Donisete citou outra detenção. "O rapaz (Felipe Teixeira, filho de Ailton e dono da Tecsau) venceu licitação justa e dentro da lei. Agora, o Renato, da Home Care, foi preso."

Renato Pereira Júnior era o sócio majoritário da Home Care Medical, empresa que firmou contratos com o governo Damo em Mauá. Ele e outros quatro empresários foram presos em 2008 na Operação Parasita da Polícia Federal, que os acusou de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato e fraude em licitações de diversas cidades do Brasil.

Donisete também insinuou que Vanessa loteará a Prefeitura, pois prometeu cargos para atrair apoios à sua candidatura. "Ela já tem cinco secretários de Saúde para uma vaga. Não sei como consegue explicar isso aos aliados."

 

Adversários defendem projetos semelhantes

No acalorado debate travado ontem pelos prefeituráveis de Mauá, Donisete Braga (PT) e Vanessa Damo (PMDB), também houve espaço para os candidatos apresentarem propostas semelhantes.

Em meio à troca de farpas, um dos pontos que os deputados concordaram foi sobre a renegociação da dívida de Mauá, que atualmente é de R$ 1,4 bilhão.

Para isso, Donisete espera contar com auxílio da ministra do Planejamento, Miriam Belchior (PT). Já Vanessa confia no apoio do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

eles também convergem na consolidação do plano de cargos e salários dos servidores municipais. A regulamentação de salários e funções está inserida no Estatuto dos Servidores, aprovado em 2002, mas ainda não saiu do papel.

Vanessa se comprometeu, se eleita, a implantar o plano de cargos, além de conceder reajuste salarial aos servidores. "Vamos investir no servidor, para que ele possa trabalhar motivado", considerou.

Donisete afirmou que vai instituir o plano de carreira dos funcionários e, além disso, manterá diálogo constante com a categoria.

Durante o debate, os prefeituráveis mencionaram a Refinaria de Capuava, que gera arrecadação de R$ 167 milhões por ano, mas o montante vai para São Caetano e Barueri.

Donisete prometeu empenho para que o imposto fique em Mauá e mencionou que, após iniciar a movimentação sobre o assunto, Vanessa também passou a abordar o tema.

Por fim, os dois postulantes ao Paço defenderam a estadualização do Hospital Municipal Radamés Nardini, alvo de constantes reclamações dos moradores.

Segundo Donisete, pessoas de outros municípios procuram o Nardini, por isso a necessidade de colocá-lo sob responsabilidade do Estado. Além da estadualização, Vanessa defendeu a reabertura do pronto-socorro do hospital.

 

Mensalão e dívida de IPTU são citados

Temas polêmicos foram mencionados a todo instante durante o embate entre Vanessa Damo (PMDB) e Donisete Braga (PT), ontem, na sede do Diário.

O julgamento do Mensalão - suposto esquema de compra de apoio parlamentar no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - foi citado por Vanessa, mencionando o ex-deputado federal João Paulo Cunha (PT), condenado por corrupção ativa e peculato. "Corremos o risco de ter o Mensalão em Mauá?", questionou a peemedebista.

Donisete afirmou que sente orgulho dos aliados petistas, como o prefeito Oswaldo Dias, e relatou que o PMDB, sigla da adversária, é aliado do PT no comando do governo federal.

"Me chama de mensaleiro, mas, se for assim, ela é tão mensaleira quanto eu. Ela deu um golpe, usando o PMDB e os tucanos. Ela tem os pés em duas canoas", disparou Donisete.

O deputado disse ainda que Vanessa, o vice dela, Alberto Pierro (PDT), e o pai da prefeiturável, o ex-prefeito Leonel Damo (PMDB), devem R$ 5 milhões de IPTU (Importo Predital e Territorial Urbano) à Prefeitura, e que a eventual vitória da peemedebista nas urnas seria mecanismo para que o montante seja seja excluído da dívida ativa do município. "Isso é mentira, não devo nada (aos cofres públicos)", respondeu Vanessa.

A citação de Donisete remete ao último ano da gestão de Leonel Damo (2008) na Prefeitura de Mauá, marcado por irregularidades, que geraram rombo de R$ 1,9 milhão aos cofres do município.

Desse montante, R$ 755 mil desapareceram do sistema de dívida ativa do município. A origem do esquema na Secretaria de Finanças ainda é desconhecida.

O então chefe da divisão e responsável pela inserção de dados sobre contribuintes e por dar baixa nos débitos, Alcebíades Besa Júnior, foi ouvido pela Polícia Civil e Ministério Público.

Nas ocasiões, ele disse que teve a senha se acesso ao sistema clonada. A investigação policial continua sob segredo de Justiça.




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